Por Itatiaia
Pouco mais de uma hora após o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido) anunciar que colocará em votação o pedido de cassação do mandato do vereador Léo Burguês (União), o ex-presidente da Casa disse ser inocente das acusações.
Burguês foi indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais, há cerca de duas semanas, por uma série de crimes. Em um inquérito policial de 241 páginas, os investigadores disseram que há prática de “rachadinha” no gabinete do parlamentar.
Em um discurso no fim da sessão desta segunda-feira (6), Léo Burguês relembrou projetos e ações de seu mandato, se disse triste com o pedido de cassação de seu mandato, mas anunciou que irá “até o fim” para provar sua inocência.
“É com profunda tristeza que vejo o processo de abertura da cassação do meu mandato, mas é com muita tranquilidade e serenidade que vejo a oportunidade de poder me defender das injustas acusações que vem sendo feitas à minha pessoa. Hoje, há uma peça da autoridade policial que pede indiciamento de minha pessoa e outras. Sou inocente de todas as acusações”, afirmou.
Burguês também disse não ser como outros vereadores, que tiveram o mandato cassado, renunciaram ou foram presos por conta de envolvimentos em casos de corrupção. O parlamentar relembrou os casos de Wellington Magalhães, Cláudio Duarte e Rogério Alkimim.
“Eu não tenho nenhuma fita com nenhuma prova contra mim, como tinha o vereador Rogério Alkimim. Eu não sou o vereador Cláudio Duarte, que foi preso, seu chefe de gabinete é réu confesso e teve nove assessores que falaram da prática de rachadinha, disse. “Eu também não sou Wellington Magalhães, que teve pedido de prisão, ficou foragido da polícia, foi preso, usou tornozeleira, foi denunciado, julgado e condenado. Eu sequer fui denunciado”, relativizou.
Sentindo que o clima da Câmara é de aprovar o pedido de abertura de processo de cassação, Burguês pediu para que os colegas votem a favor da proposta, para que possa responder às acusações.
“Pela gravidade dos fatos colocados pela autoridade policial, não vejo outro caminho que não seja a abertura do processo nessa casa. No meu entendimento, todos os vereadores devem fazer esse pedido de abertura”, afirmou.
“Lá será o local adequado para mostrar a vocês, à imprensa que eu não cometi nenhum delito. Caso tenha cometido, que esse plenário dê a pena adequada pelos delitos adequados. Caso não comprove, que também vote sem pena”, disse.
Pôquer em hotel no Rio
Em seu discurso, o vereador Léo Burguês não justificou, no entanto, o fato de ter ido para um hotel em Teresópolis, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (3), para disputar um torneio de pôquer. A Câmara tinha sessão no mesmo dia e ele marcou presença de forma remota na reunião quando já estava no local.
Nos bastidores, a atitude de Burguês revoltou os demais vereadores, que já tinham em mãos o pedido de abertura de processo que pode resultar em sua cassação. Isso porque uma das denúncias apresentadas pela Polícia Civil era de que assessores do vereador repassavam parte de seus salários ao parlamentar para aposta em sites de pôquer online.
Na próxima quarta-feira (8), o pedido será votado e, caso haja votos, um processo é aberto para que ele possa explicar as acusações.
Foto: Clever Ribeiro/Itatiaia