Por Estado de Minas
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) oficializou, nesta terça-feira (7/2), a composição do bloco de oposição ao governador Romeu Zema (Novo). O grupo, composto por 20 deputados estaduais, terá parlamentares de cinco partidos à esquerda: PT, PCdoB, PV, Psol e Rede Sustentabilidade. O líder da coalizão será o petista Ulysses Gomes.
O PT é a maior bancada do Parlamento mineiro, com 12 dos 77 assentos da Casa. O PV tem outros quatro deputados; o PCdoB, um. A Rede tem dois representantes; o Psol, mais uma. (Veja, no fim deste texto, a composição completa do bloco de oposição a Zema) No plano nacional, os cinco partidos são aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A gente vem em um processo de diálogo, construção e fortalecimento de um bloco que quer defender e fortalecer a democracia. Nosso papel em Minas Gerais não está dissociado do que o país passa: uma situação de desemprego, fome e total descaso à questão da democracia”, disse Ulysses, hoje.
A Assembleia Legislativa deve ter três blocos parlamentares. Paralelamente às conversas sobre a aliança de oposição, deputados governistas articulam a formação de um grupo pró-Zema. O ajuntamento deve ter partidos que orbitam em torno do Palácio Tiradentes, como Novo, PP, PMN, Patriota, Podemos, Republicanos e PSC. A liderança deve ficar com o PSD, partido de Alexandre Kalil, rival de Zema na eleição passada.
Um terceiro grupo deve ter mais deputados alinhados a Zema. Outros, independentes em relação ao governo, vão acabar engrossando a coalizão. A bancada do PL, que prometeu votar favoravelmente a projetos de interesse do poder Executivo, deve compor esse grupo.
Segundo Ulysses Gomes, há pontos que precisam ser alvos de debate no Legislativo, como as estradas, a educação e a saúde. O petista afirmou que o governo de Zema provocou “desigualdade” e “desemprego”.
“Temos um estado real, que bate à porta de milhares e milhares de mineiros, que passam fome e desemprego – e precisam da resposta do estado. Minas não é uma ilha como acha o governador. Minas está dentro de um país que clama por responsabilidade e políticas públicas”, opinou.
Na legislatura passada, Ulysses foi o líder da Minoria – a liderança da oposição era do também petista André Quintão, agora secretário nacional de Assistência Social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O parlamentar que agora encabeça a oposição ocupa um gabinete na Assembleia desde 2011. O Sul de Minas é a principal região de atuação dele.
A oposição a Zema terminou 2022 com 17 membros. Apesar do acordo com 20 parlamentares desta legislatura, foram feitos convites a Pros e PSB – com um deputado cada – para que possam integrar a coalizão. As duas legendas podem se juntar à oposição até o fechamento da temporada de criação de blocos parlamentares.
Deputados começam a mirar o comando de comissões
A formação dos blocos parlamentares é fundamental para ilustrar as diferentes correntes da Assembleia e, assim, nortear a escolha dos integrantes de comissões temáticas do Legislativo, como os colegiados de Constituição e Justiça, Educação, Cultura, Direitos Humanos e Administração Pública.
Como mostrou o Estado de Minas na semana passada, deputados creem que será possível, até o carnaval, oficializar a composição dos blocos e, consequentemente, a escalação das comissões.
Parte dos parlamentares, porém, já defende abertamente a participação em alguns grupos. Beatriz Cerqueira (PT), por exemplo, quer ser reconduzida à presidência da Comissão de Educação, que comandou nos últimos quatro anos.
“Sou candidata (à presidência da comissão), porque o trabalho de comissão reflete muito a representatividade com a qual trabalhamos. Na primeira legislatura, nos dedicamos a levar a comissão a vida das pessoas: foram muitas visitas técnicas. Nos dedicamos, também, à defesa da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), pois a comissão cuida da educação básica, mas, também, da superior. Nos dedicamos à pauta da ciência e da pesquisa em um momento em que enfrentamos o negacionismo”, defendeu.
Trocas de partido já movimentam bastidores
Tão logo os trabalhos legislativos deste ano foram abertos, na quarta-feira (1), mudanças partidárias já começaram a ocorrer. Eleito pelo PMN, Enes Cândido já comunicou à Mesa Diretora da Assembleia que, agora, é filiado ao PP. Maria Clara Marra, que foi às urnas pela Democracia Cristã (DC), se juntou ao PSDB.
Nas contas dos aliados de Zema, será possível ter a maioria dos deputados — cerca de 50 — dando apoio a propostas defendidas pelo Palácio Tiradentes.
Deputados que farão oposição a Zema:
- Ana Paula Siqueira (Rede)
- Andréia de Jesus (PT)
- Beatriz Cerqueira (PT)
- Bella Gonçalves (Psol)
- Betão (PT)
- Betinho Pinto Coelho (PV)
- Celinho do Sinttrocel (PCdoB)
- Cristiano Silveira (PT)
- Doutor Jean Freire (PT)
- Leleco Pimentel (PT)
- Leninha (PT)
- Lohanna França (PV)
- Lucas Lasmar (Rede)
- Luizinho (PT)
- Macaé Evaristo (PT)
- Mário Henrique Caixa (PV)
- Marquinho Lemos (PT)
- Professor Cleiton (PV)
- Ricardo Campos (PT)
- Ulysses Gomes (PT)
Foto: Guilherme Bergamini/ALMG