Por G1
O general Gonçalves Dias havia dito a colegas, em janeiro, que a câmera que o gravou durante invasão ao Palácio do Planalto não estava funcionando. A divulgação das cenas levou à queda dele do posto de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Após a tentativa de golpe de 8 de janeiro, foi determinado ao GSI que fossem reunidas as 160 horas de gravação para que a cúpula do governo pudesse assistir as imagens do Palácio do Planalto. Quando terminaram de assistir, o chefe de gabinete de Lula, Marcola, questionou onde estavam as imagens da câmera em frente à sala presidencial, que não constavam no resumo apresentado pelo GSI.
Marcola e Rui Costa, ministro da Casa Civil, ouviram de Dias que aquela câmera não estava funcionando, não estava operacional- por isso, não teria filmado.
“Ou mentiram para ele ou ele mentiu para gente”, resume um ministro ouvido pelo blog, que “tende” a achar que mentiram para o ex-ministro.
Foi a partir daí que General Dias ganhou uma sobrevida de 100 dias- e só foi exonerado ontem, após a revelação das imagens da câmera que ele havia dito à cúpula do Planalto que estava quebrada.
Lula se mostrou indignado. A avaliação é de que as imagens foram, na verdade, escondidas dele, já que foi perguntado de maneira explícita a ele, Dias, a respeito dessas imagens em frente à sala do presidente. “E o argumento foi de que a câmera estava desativada”, conta um assessor presidencial.
Apesar de gozar de confiança de Lula, ministros são uníssonos em dizer que a manutenção de Dias após o 8/1 foi um erro. E lembram um episódio de 2012, durante um motim de PMs na Bahia em que Dias, então responsável pelo comando de segurança da região, foi flagrado em vídeo confraternizado com os grevistas- o que enfureceu a então presidente Dilma Rousseff e expôs o então governador Jaques Wagner.
Interino
Com a saída de Dias selada, começou-se a busca pelo sucessor. O nome de Capelli foi apresentado por Dino e defendido por Costa- que classificaram a permanência dele no GDF como exitosa. Mas Capelli vai apenas fazer uma transição- quando Lula voltar de viagem, a ideia é apresentar um novo modelo de GSI- de preferência, com um civil no comando. O ministro da Casa Civil vinha pressionando Dias a fazer uma maior renovação do GSI após o 8/1, mas pouca coisa foi modificada.
Inclusive, ontem, partiu de Costa a iniciativa de dizer a Lula que, além de Dias, precisava sair o número 2 do general- que havia assessorado o ex-comandante do Exército Villas Boas. Ele foi o comandante que, às vésperas do julgamento de Lula no STF, em 2018, fez uma postagem nas redes sociais que foi interpretada como pressão sob ministros da corte.
Foto: Reprodução/G1