Por Metrópoles
Já como ex-presidente da República, Jair Bolsonaro emitiu um certificado de vacinação contra a Covid-19 em março deste ano, 15 dias antes de retornar ao Brasil, após seu período de autoexílio nos Estados Unidos.
A informação consta no relatório enviado pela Polícia Federal ao ministro do STF Alexandre de Moraes e que embasou a operação que fez buscas na casa do ex-presidente e prendeu seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Segundo o documento, o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu ao menos quatro vezes certificados de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente.
Três desses certificados foram emitidos nos dias 22, 27 e 30 de dezembro de 2022; antes, portanto, de ele embarcar para o autoexílio em Orlando, no início da tarde de 30 de dezembro.
O quarto certificado foi emitido no dia 14 de março. Quinze dias depois, em 29 de março, Bolsonaro embarcou em um voo de Orlando a Brasília, onde desembarcou na manhã de 30 de março.
Nos dois primeiros certificados, constava que Bolsonaro havia tomado doses da vacina da Pfizer. Posteriormente, os dados foram alterados no sistema, deixando o presidente com uma dose única da marca Janssen.
Segundo a PF, entre 22 e 27 de dezembro, os registros de vacinação de Bolsonaro foram acessados de computadores do Palácio do Planalto. Em 30 de dezembro, o acesso ocorreu de um telefone cadastrado em nome de Mauro Cid.
Antes de deixar a Presidência, o e-mail de acesso à conta de Bolsonaro no ConecteSUS estava no nome de Cid. Após o dia 30, o e-mail foi alterado, deixando o controle com Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro.
Certificados para sua filha
A filha de Jair Bolsonaro, Laura, também teve certificados de vacinação emitidos em duas ocasiões: nos dias 22 e 27 de dezembro do ano passado. Ela embarcou aos Estados Unidos em um voo comercial no dia 28 de dezembro.
No caso, Laura não precisaria de comprovantes de vacinação para viajar. Por ser menor de 18 anos, a lei americana não exige que ela esteja vacinada para entrar no território dos Estados Unidos.
Bolsonaro, como viajou como chefe de Estado, também não precisaria de comprovantes internacionais de vacinação. Entretanto, para voltar ao Brasil, ele desembarcou sem um cargo oficial.
Pela legislação brasileira, desde setembro de 2022, estrangeiros e brasileiros precisam apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19 ou um teste negativo para o vírus. Bolsonaro não se aplica às exceções.
Foto: Breno Esaki/Metrópoles