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Abrir os cofres para reeleger Bolsonaro quase quebrou a Caixa Econômica, diz portal Empréstimos a pessoas de baixa renda, mesmo com nomes negativados, foram suspensos logo após vitória de Lula

29 de maio de 2023, 15h44 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Brasil de Fato

Reportagem publicada nesta segunda-feira (29) pelo portal UOL mostra que a tentativa desesperada de Jair Bolsonaro de (PL) vencer a disputa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e permanecer na presidência em 2022 teve consequências diretas na Caixa Econômica Federal. Ações determinadas por Pedro Guimarães, presidente do banco na gestão bolsonarista, tentaram reverter a desvantagem do então presidente em meio aos eleitores mais pobres com concessão de empréstimos, mas geraram inadimplência e colocaram o banco sob risco.

A reportagem cita duas linhas de crédito criadas em março de 2022, quando pesquisas indicavam que Lula liderava as intenções de voto entre as pessoas mais pobres por larga margem. Uma das iniciativas era a oferta de crédito para pessoas com nome negativado, em um programa chamado SIM Digital. O outro era a liberação de empréstimos consignados atrelados às parcelas do Auxílio Brasil.

Segundo apurou o UOL, contando com dados enviados pelo banco via Lei de Acesso à informação, foram liberados R$ 10,6 bilhões nos dois programas, em empréstimos para cerca de 6,8 milhões de pessoas. A maior parte desse dinheiro não retornou aos cofres da empresa, devido à inadimplência que, no caso do SIM Digital, por exemplo, chegou a 80%.

Os planos do SIM Digital previam que novos empréstimos seriam oferecidos à medida que os primeiros credores quitassem suas dívidas com o banco. Como isso não aconteceu, a Caixa, sob direção bolsonarista, criou uma solução que se revelou um novo problema: foi lançado um fundo garantidor com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Foram reservados R$ 3 bilhões e, segundo cálculos do UOL, para cobertura do rombo será necessário usar pelo menos R$ 1,8 bilhão desse montante.

A conta para o banco não demorou a chegar, e ainda em 2022, a Caixa atingiu seu menor nível no índice de liquidez de curto prazo, importante indicador de risco no mercado bancário. Em outras palavras, a Caixa esteve perto de não ter, em seus cofres, valores necessários para garantir as operações em caso de risco de quebra. No fim de 2002, esse montante era de R$ 162 bilhões – R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior.

Em meio às tentativas de equilibrar as operações do SIM Digital, vieram à tona as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães. Após o afastamento dele, técnicos do banco suspenderam os empréstimos para pessoas negativadas. Isso, inclusive, foi feito sob sigilo, segundo o UOL. Jamais houve comunicação formal de que os negativados deixariam de ter acesso ao crédito pelo programa.

O consignado do Auxílio Brasil veio depois, e só teve regulamentação definida em setembro de 2022, poucos dias antes do primeiro turno das eleições. As operações efetivas pela Caixa (único grande banco a aderir ao programa) só foram realizadas em 10 de outubro, ou seja, poucas semanas antes do segundo turno. E foi um sucesso de público. O aplicativo Caixa Tem, por onde era possível solicitar o consignado, teve mais de 200 milhões de acessos no canal de contratação do produto.

Logo após a derrota de Bolsonaro Para Lula, porém, a Caixa cortou o acesso ao consignado vinculado ao Auxílio Brasil. O banco também diminuiu a oferta de outras modalidades de crédito após a derrota de Bolsonaro para Lula. A reportagem conta ainda que o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação sobre o caso.

O UOL procurou Pedro Guimarães, que não quis comentar, e o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que não respondeu aos contatos. A Caixa confirmou os números apresentados pela reportagem, e garantiu que “observa a legislação vigente em todos seus processos”.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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