Por Metrópoles
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne, nesta segunda-feira (29/5), no Palácio do Planalto, com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Este é o primeiro dos 10 encontros que o chefe do Executivo federal terá com líderes da América do Sul, em um contexto de críticas da oposição e até o pedido de prisão do venezuelano (veja abaixo). As reuniões com esses líderes vão acontecer também no Palácio do Itamaraty.
Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores, Maduro e Lula deverão falar sobre avanços no processo de normalização das relações bilaterais, incluindo a reabertura das respectivas embaixadas e setores consulares e a designação do embaixador da Venezuela no Brasil. Também deve estar na pauta da conversa as eleições venezuelanas a serem realizadas em 2024.
Esta é a primeira vez que o chefe da Venezuela volta ao Brasil em oito anos. Maduro compareceu, em 2015, à segunda posse de Dilma Rousseff como presidente da República.
Veja vídeo do encontro de Lula e Maduro no Planalto:
Incômodo da oposição
Assim que a visita de Maduro ao Brasil foi anunciada, a oposição ao governo Lula reagiu. O próprio ex-mandatário do país ironizou a reunião bilateral entre Lula e Maduro. Nas redes sociais, Bolsonaro publicou um vídeo para criticar o encontro.
Veja a publicação:
– Março 2019
– Participação Brasileira e Americana frente à ditadura venezuelana no combate à falta de liberdade, fome e ajuda humanitária em Rondônia, local de acolhimento de refugiados no Brasil. pic.twitter.com/wZoNaOdzhj— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 29, 2023
Já o deputado federal Zé Trovão enviou, segundo a coluna Grande Angular, um ofício à Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, nesta segunda-feira (29/5), no qual informa sobre a presença do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em terras brasileiras e pede informações sobre “quais medidas podem ser adotadas pelo governo americano para captura deste criminoso”.
A pauta
A imigração venezuelana para o Brasil e a proteção dos povos indígenas que residem nas fronteiras entre os dois países também estão na pauta dos assuntos a serem abordados. “Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas os povos Yanomami”, destaca comunicado sobre a visita de Maduro.
O petista também deve tratar com o líder venezuelano a integração sul-americana e a cooperação amazônica, “notadamente no que se refere aos temas de paz e segurança e mudança do clima”.
As reuniões de Maduro em Brasília se estenderão até a tarde desta segunda-feira. Veja a programação:
Desde 2019, primeiro ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), altos funcionários do governo venezuelano estavam proibidos de adentrar o território brasileiro. Assinada por Sergio Moro, então ministro da Justiça, e Ernesto Araújo, chefe do Itamaraty à época, a norma estava baseada no entendimento do governo Bolsonaro de não reconhecer o governo de Maduro.
O documento de 2019 estabelecia o “regramento para efetivação de impedimento de ingresso no país de altos funcionários do regime venezuelano, que, por seus atos, contrariam princípios e objetivos da Constituição Federal, atentando contra a democracia, a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos”.
Reunião com presidentes da América do Sul
Presidentes de praticamente todos os países da América do Sul se reúnem em Brasília na terça-feira (30/5), para um encontro de cúpula a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Metrópoles apurou que pelo menos 10 chefes de Estado estão confirmados no evento – a exceção é a presidente do Peru, Dina Boluarte, que não pode se ausentar do país em razão do clima de instabilidade política que se instaurou desde a deposição do antigo mandatário, Pedro Castillo.
“Recebo nesta semana, em Brasília, presidentes da América do Sul, para juntos discutirmos o futuro da nossa região. Nenhum país cresce sozinho. Temos que trabalhar com nossos vizinhos na construção de parcerias pelo desenvolvimento econômico da região, fortalecimento de laços culturais e na defesa da democracia”, disse Lula no Twitter.
Foto: Mariana Costa/Metrópoles