Por Itatiaia
O deputado estadual João Magalhães (MDB) foi agredido durante uma reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na noite desta segunda-feira (19). No meio da confusão, um segurança da Casa levou um soco e um sindicalista alega que o parlamentar o agrediu.
Integrantes das forças de segurança pública de Minas Gerais que acompanhavam a reunião protestavam contra a aprovação de um projeto de lei que aumenta a isenção fiscal para locadoras de veículos em Minas Gerais. Os manifestantes reivindicam reajuste de salarial para policiais militares, civis, penais e bombeiros.
Em determinado momento, o deputado João Magalhães teria sido xingado e deixou o espaço reservado aos deputados, dentro da sala onde acontecia a reunião.
“Fala na cara”, disse em direção ao local onde estavam os servidores da segurança.
Nesse momento, um grupo de pessoas que estavam sentadas desceram em direção a ele e o agrediu com tapas na cabeça e uma pasta com papeis.
O deputado, então, recuou, e, no meio da confusão, um segurança da Assembleia levou um soco na cara. O sindicalista Carlos Silveira também alegou ter sido agredido pelo deputado João Magalhães durante a briga.
“Nós estávamos protestando e o deputado João Magalhães deu a volta e veio me bater. Não sei o por que. Acertou de raspão. Ele veio para agredir porque eles estão votando um projeto de isenção, mas não pode aumentar o salário do enfermeiro, do médico, não pode aumentar o salário dos policiais, dos bombeiros”, afirmou.
Líder do Governo, Gustavo Valadares (PMN) disse à Itatiaia que irá protocolar um requerimento para obter as imagens da TV ALMG e identificar os envolvidos na confusão.
Em seguida, a situação foi controlada e João Magalhães retornou para o espaço reservado aos deputados. A reunião foi suspensa.
Depois de voltar à mesa da comissão, o deputado João Magalhães disse que um dos manifestantes ficou “apontando o dedo” e xingando os parlamentares.
“O cara ficou agredindo e apontando para mim. Acaba que passa a agredir não o deputado, mas a minha pessoa. É um desrespeito à minha mãe. E se ele voltar a xingar minha mãe, vou voltar lá para tirar satisfação. Tem vários sindicalistas aqui que cansaram de ir no meu gabinete e sempre os recebi, com todo o respeito. Mas também quero respeito”, afirmou.
Essa é a segunda sessão na Assembleia marcada por desentendimentos entre integrantes das forças de segurança e parlamentares.
No dia 5 de junho, o líder do governo Zema, Gustavo Valadares (PMN), bateu boca com um servidor da segurança pública quanto tentava explicar o posicionamento do Executivo estadual sobre a concessão de reajuste para a categoria.
“O governo não tem como despesa apenas o gasto com pessoal. Esse é um deles. Esse debate que estamos fazendo aqui hoje é apenas mais uma das reuniões que vamos fazer para tentar achar algo que atenda a todos”, disse ao tentar concluir sua fala, quando foi interrompido.
Após este momento, houve um bate-boca com o marido da servidora, quando Valadares foi chamado de “mentiroso igual ao pai”. O pai de Gustavo Valadares é Ziza Valadares, que foi deputado federal constituinte e presidente do Clube Atlético Mineiro entre 2007 e 2008.
Clima quente na Assembleia
O clima é quente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais desde o início da tarde. Mais cedo, três secretários do governo Zema – Igor Eto, Luísa Barreto e Gustavo Barbosa – compareceram a uma reunião para falar sobre as contas do governo. A sessão foi interrompida e durou somente 20 minutos até ser suspensa.
O motivo foram os protestos de integrantes das forças de segurança pública de Minas Gerais, que cobram o governo de Romeu Zema (Novo) por um reajuste nos salários.
As forças de segurança pública cobre que o governo Zema conceda 35% de recomposição salarial, percentual referente ao período que se iniciou em 2015. Desde então, a segurança pública recebeu 13% em 2020 e 10% em 2022. Nos demais anos, não houve reajuste.
Integrante da base de Zema, Zé Guilherme ameaçou suspender a reunião por diversas vezes se os manifestantes não fizessem silêncio durante a fala dos secretários Igor Eto, Luísa Barreto e Gustavo Barbosa. Como o pedido não foi cumprido, ele encerrou a reunião.
“Infelizmente, não foi possível continuar. Eu tive que encerrar a sessão porque não se ouvia o que o secretário falava. Os deputados que estavam na sessão não conseguiam ouvir. Vinham ataques até pessoais aos secretários. Ficou inviável”, disse ele em entrevista após o ocorrido.
Foto: Pedro Augusto Figueiredo/Itatiaia