Por Itatiaia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no Senado Federal nesta quarta-feira (21). A visita aconteceu um dia antes do início do julgamento que pode torná-lo inelegível. Em entrevista coletiva, ele pediu “imparcialidade” ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O capitão reformado se ampara em decisão de 2017 da Corte, que negou a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Segundo Bolsonaro, há jurisprudência suficiente para livrá-lo de uma punição pela reunião com embaixadores estrangeiros em julho do ano passado. Ele utilizou a oportunidade para proferir ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
A visita do ex-presidente ao Senado ocorreu no mesmo dia em que os parlamentares sabatinam Cristiano Zanin, indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Havia interesse da esquerda em cassar Temer. O TSE julgou essa chapa e, durante o julgamento, houve intenso debate se novos fatos poderiam ser agregados ao processo inicial, movido pelo PSDB em 2015. A discussão foi que essas novas provas não poderiam ser agregadas. A ação ficou frágil e, por 4 a 3, o TSE manteve a chapa — e Temer continuou como presidente”, disse.
A ação contra o ex-presidente foi movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). “Espero que ele (Moraes) aja com imparcialidade, juntamente com o Tribunal como um todo, porque os fatos são exatamente os mesmos. A ação movida contra mim, pelo Carlos Lupi, do PDT, por abuso de poder político é exatamente igual à (ação contra) a chapa Dilma-Temer”, emendou.
Segundo Bolsonaro, o encontro com os diplomatas foi uma “resposta” a Edson Fachin, ministro da Suprema Corte.
“Dois meses antes, o senhor ministro Edson Fachin havia se reunido com embaixadores — e não é competência dele se reunir com embaixadores e tratar de política externa. Foi uma resposta ao senhor Edson Fachin, porque, na reunião dele, ele falou o seguinte: ‘tão logo o TSE apresente o resultado, os embaixadores devem, junto com os chefes de Estado, reconhecer imediatamente o vencedor’”, pontuou.
Sem pistas sobre o futuro
Embora tenha feito críticas à ação que corre no TSE, Bolsonaro se esquivou sobre voltar a participar de disputas eleitorais. “Não sei se vou estar vivo quando virar a esquina. Não falo sobre ‘se’”, esquivou-se.
Depois, ele voltou a citar o encontro com os embaixadores. “Não sei se vou ser candidato no ano que vem a prefeito ou vereador — ou se, no futuro, vou ser (candidato) a senador ou presidente. Mas, para eu ser candidato, tenho de manter meus direitos políticos. A acusação de se reunir com embaixadores não é motivo (para ficar inelegível”.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado