Por Minas1
Em homenagem a uma das maiores representantes da culinária mineira, foi inaugurada na manhã deste sábado (8/7) a estátua de bronze de Dona Lucinha, fundadora da rede de restaurantes que leva seu nome. O monumento de aproximadamente 1,70 m de altura e 160 kg de peso foi instalado em frente ao Mercado Central, na entrada entre a Rua Curitiba e a Avenida Augusto de Lima, no Centro de Belo Horizonte.
O projeto da obra em homenagem à Dona Lucinha teve início em 2016. Na época, ela estava inserida na proposta de um circuito literário e gastronômico da Rua da Bahia. O planejamento original era instalá-la em frente ao restaurante Dona Lucinha, no Bairro São Pedro, na Região Centro-Sul de BH, junto com outra estátua do escritor e conterrâneo Oswaldo França Júnior.
No entanto, após conversas com o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, a família da chef decidiu que o movimento deveria ficar no centro de compras. “O Leônidas tomou conhecimento do projeto e me disse: ‘Dona Lucinha é uma personalidade nacional. A estátua deve ficar na Praça da Liberdade ou no Mercado Central'” disse a chef e filha de Dona Lucinha Márcia Nunes, em entrevista ao Estado de Minas.
Durante a inauguração da estátua, Marcia enfatizou o amor e carinho que a mãe tinha pelo Mercado Central. Por isso, a paixão de Dona Lucinha também ficará eternizada em uma placa,disposta ao lado da estrutura, com a frase: “O Mercado Central me enche de encantos: lugar dos temperos, das cores e dos sabores. Aqui, sinto-me em casa!”.
“Mamãe, quis o destino te trazer para essa esquina sem quina, inaugurada em 1929, ano do nascimento do grande amor da sua vida, seu marido, nosso pai. Para este Mercado, lugar público, da gente simples, a casa das mercadorias, tudo que você sempre amou […] E a cada um dos lojistas dessa casa, meus irmãos e eu entregamos a vocês nosso mais precioso bem, nossa mãe. Sabemos todos que a grande honraria dos que se vestem de bronze é como fazer voltar quem já partiu”, disse Márcia, durante a inauguração.
História de Minas
Maria Lúcia Clementino Nunes, a Dona Lucinha, morreu em abril de 2019, com 86 anos de idade. A mineira nascida no Serro, Região Central do estado, teve 11 filhos e 25 netos. Foi professora primária, catequista, salgadeira, doceira, feirante, quitandeira, diretora escolar e vereadora.
Fundadora de uma rede de restaurantes em BH e São Paulo, ganhou prêmios em vários festivais e já foi tema de samba-enredo no Rio de Janeiro. Era uma defensora incansável da cozinha mineira e de seus ingredientes simples e tradicionais, como o quiabo, o chuchu e a batata doce, produtos marginalizados na gastronomia.
Ela abriu seu primeiro restaurante em 1990 e rapidamente se tornou um sucesso, inspirando uma revolução na culinária de Minas Gerais e levando-a para vários cantos do país.
Para o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), que esteve presente na cerimônia de inauguração do monumento, a homenagem enfatiza o amor dos mineiros pela gastronomia e hospitalidade. “Minas Gerais é sinônimo de cozinha, de tratar as pessoas bem. Para quem teve o privilégio de conviver e se deliciar com o talento dessa senhora, fica esse marco permanente, feito pelas mãos desse artista brilhante, o Leo Santana”, destacou, mencionando o artista que esculpiu a estátua.
O mesmo pensamento foi dividido pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo. Em sua fala, Leônidas agradeceu à família de Dona Lucinha por compartilhar ainda mais a tradição erguida pela mãe deles com os belo horizontinos.
“Meu profundo agradecimento por colocar Dona Lucinha no Mercado Central. Por doar a mãe de vocês, por continuar doando a mãe de vocês para a cultura mineira. E agora, recebendo a todas e a todos nas portas do Mercado Central”, disse
Foto: Jair Amaral / EM / D.A Press