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O que Bolsonaro terá que explicar à PF sobre plano com Marcos Do Val para gravar Moraes Este é o quarto depoimento que Bolsonaro presta à PF em 2023. Desta vez, ele falará sobre uma trama para grampear Alexandre de Moraes

12 de julho de 2023, 09h58 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Metrópoles

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) prestará novo depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (12/7). A oitiva começa por volta das 14h, em Brasília. Bolsonaro será questionado sobre as investigações que envolvem o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou abertura de inquérito para apurar suposta proposta que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) teria recebido para participar de um plano golpista. O convite incluiria uma suposta trama com o ex-presidente e o ex-deputado Alexandre Silveira (PTB-RJ) para grampear Moraes.

Na condição de testemunha, Bolsonaro terá de responder a perguntas sobre as declarações de Do Val. Em uma primeira ocasião, Do Val disse que teria sido “coagido” pelo então presidente da República a gravar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes.

Em entrevista para a revista Veja, no dia 1º de fevereiro, o senador afirmou ter ouvido diretamente de Jair Bolsonaro detalhes do plano para gravar clandestinamente Moraes. Disse que foi convidado por Jair Bolsonaro a participar de um “golpe” para incriminar o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Depois, no entanto, o congressista recuou e negou ter sido coagido por Bolsonaro. Ocorre que na gravação feita pela revista Veja, o senador é questionado se o próprio presidente à época pediu para que a gravação ilegal fosse feita e ele responde que “sim”. “Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou ‘ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’”, explicou, em áudio.

Em entrevista posterior, Marcos do Val entra em contradição e diz que o ex-presidente teria ficado calado durante toda a reunião. Nesta versão, o parlamentar responsabilizou Silveira pelo plano, e ainda garantiu que denunciou tudo ao ministro Alexandre de Moraes.

Versões

Moraes, ao decidir pelas investigações, contou quatro versões sobre a reunião: “Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, disse Moraes em decisão.

Bolsonaro dará a versão dele dos fatos aos investigadores. O ex-presidente participou dessa reunião? Havia um plano? O que foi conversado?

Nesta terça-feira (11/7), o advogado de Bolsonaro no caso, Paulo Bueno Amador, confirmou que o ex-presidente vai à PF e que o depoimento a ser prestado é simples: “O presidente [Bolsonaro] não tem qualquer envolvimento com conspiração”, disse em entrevista no Congresso Nacional.

Veja o registro em vídeo da primeira versão de Marcos do Val sobre os fatos, em live durante madrugada:

8 de janeiro

Em junho, Moraes autorizou uma operação de busca e apreensão contra o senador Marcos do Val. As buscas ocorreram no apartamento funcional ocupado pelo senador em Brasília, no gabinete dele no Senado e, ainda, em pelo menos um endereço no Espírito Santo.

As medidas foram solicitadas depois de os investigadores identificarem tentativas do senador de atrapalhar as apurações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. No fim de junho, o senador solicitou afastamento das atividades parlamentares após precisar de atendimento médico durante uma sessão na CPI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

Quarto depoimento

Esta é a quarta vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depõe na sede da Polícia Federal, em Brasília, em 2023. Em 5 de abril, o mandatário foi à sede da corporação para explicar sobre as joias que ganhou de presente da Arábia Saudita.

Em 26 de abril, o ex-presidente depôs no âmbito do Inquérito (INQ) 4921, que investiga incitadores dos atos de 8 de janeiro. Ele virou alvo das investigações após compartilhar, em 10 de janeiro, publicação em que a regularidade das eleições era questionada. Apesar de ter apagado o post no mesmo dia, a PGR acusou o ex-presidente de incitar a perpetração de crimes contra o Estado de Direito ao propagar o vídeo.

Em maio, Bolsonaro deu sua versão à PF sobre as investigações que apuram fraude nos cartões de vacinação dele, da filha, de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e de pessoas próximas.

O caso é analisado no âmbito da Operação Venire, deflagrada em 3 de maio. Bolsonaro e outras 15 pessoas são investigadas por infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

Nesta quarta-feira (12/7), Bolsonaro volta à PF para responder sobre fatos relacionados à denúncia de arquitetar golpe de Estado; tentativa de grampear um ministro do Supremo e contradições de um aliado sobre a conduta do ex-mandatário. Em média, os depoimentos anteriores de Bolsonaro duraram 2 horas.

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

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