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Entenda a onda de protestos no Chile Quase 10 mil integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos.

21 de outubro de 2019, 11h21 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

A capital chilena viveu o terceiro dia de distúrbios no domingo (20) com confrontos violentos entre manifestantes e forças de policiais. Os protestos pela suspensão do aumento nas passagens de metrô seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) sua revogação.

Na noite de sábado (19), manifestantes atacaram vidraças de prédios, destruíram semáforos, queimaram ônibus e invadiram e incendiaram um supermercado. O balanço oficial divulgado nesta segunda-feira (21) aponta 11 mortes nos protestos.

Entenda em seis pontos os distúrbios no Chile:

  • Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real
  • Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18)
  • Chile decreta no sábado “Estado de Emergência” e Exército vai às ruas pela 1ª vez desde a ditadura
  • Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos seguiram
  • Metrô de Santiago está fechado e o aeroporto da capital chilena tem voos suspensos
  • Mais regiões do país terão toque de recolher, estado de emergência dura 15 dias e aulas são canceladas

1. Aumento da tarifa do metrô
O preço da passagem do metrô de Santiago nos horários de pico subiu para 830 pesos – equivalente a R$ 4,80 –, aumento de 3,75%. Não havia aumento nessa proporção desde 2010. O reajuste não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.

Foi proposta uma política de preços variáveis para o transporte –a ideia era cobrar mais durante o horário de pico, o que não foi bem recebido.

Em setembro, se anunciou que as contas de luz iriam subir em até 10%. A justificativa pela alta é que houve uma alta do dólar em relação à moeda chilena.

Resultado: manifestantes foram em massa para as estações de metrô e forçaram a entrada sem pagar, vandalizaram as estações e enfrentaram a polícia. A situação forçou o metrô de Santiago, que transporta diariamente quase 3 milhões de pessoas, a fechar todas as estações na sexta-feira (18), o que levou ao colapso do sistema de transporte da cidade.

Manifestantes pulam catraca em estação de metrô durante protesto contra aumento da tarifa de transporte pública em Santiago, no Chile, na sexta-feira (18) — Foto: Reuters/Carlos Vera

2. Escalada da violência
Os protestos, que começaram há cerca de 15 dias, tornaram-se violentos a partir de sexta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais. Houve registro de incêndios que deixaram mortos em um supermercado e uma fábrica. O balanço oficial indica que 11 pessoas morreram e 1.462 foram detidas no país.

Manifestantes provocaram danos em 78 estações e trens. A empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve chegar a mais de 300 milhões de dólares.

Incêndio durante protestos no Chile — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters

3. Estado de emergência
O aumento da violência nos protestos fez o governo enviar tropas do Exército às ruas de partes de Santiago. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde 1990, quando o Chile voltou à democracia após a ditadura de Augusto Pinochet.

Mais 9.500 integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos para controlar pontos estratégicos como centrais de abastecimento e estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados pelos manifestantes.

O governo do país andino decretou estado de emergência por 15 dias na capital e na região metropolitana. O general Javier Iturriaga decretou toque de recolher duas noites consecutivas, no sábado e no domingo.

4. Suspensão na alta da tarifa
Os protestos contra o aumento nas passagens de metrô seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) a suspensão do aumento de 30 pesos (R$ 0,20), que foi o estopim dos protestos.

“Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas passagens do metrô”, disse o presidente em uma transmissão.

No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que continuaram nas ruas com gritos de “basta de abusos” e com o lema “Chile acordou”. O governo enfrenta críticas ao modelo econômico do país. No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a France Presse.

Prédios comerciais amanheceram com vidros quebrados em Santiago neste domingo (20) — Foto: Adriane Schultz/G1

5. Voos suspensos
No aeroporto da capital chilena, centenas de pessoas ficaram retidas – muitas dormiram no chão – com o cancelamento ou adiamento de voos.

Aeroporto de Santiago registra tumultos com muitos voos cancelados ou adiados — Foto: Adriane Schultz/G1

Os voos operados pelas maiores companhias aéreas do Chile, a Latam e a Sky Airline, foram suspensos por causa do toque de recolher.

A Latam Chile disse em uma rede social que, devido à situação da ordem pública, seus voos para dentro e fora de Santiago estavam sendo afetados.

6. Regiões sob toque de recolher
O toque de recolher funcionou na região metropolitana de Santiago, Valparaíso (centro), Coquimbo, Biobío e Antofagasta, entre outras regiões.

Fonte/Créditos: G1

Foto destacada: Edgard Garrido/Reuters

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