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Cafeicultores endividados pela queda no preço da saca querem renegociação Setor é fundamental na economia do estado

22 de outubro de 2019, 23h43 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

A repactuação das dívidas da cafeicultura era uma preocupação do Governo de Minas, diante das dificuldades impostas pela trajetória de queda nos preços do café verde nos últimos quatro anos. Atualmente, a saca de 60 kg do café padrão de mercado (bebida dura tipo 6) é comercializada por, aproximadamente, R$ 400. Esse valor mal paga o custo de produção em muitas regiões produtoras do estado.

O governador Romeu Zema participou, nesta terça-feira (22), de reunião com deputados, produtores e representantes da cafeicultura nacional para a divulgação das medidas emergenciais do Banco do Brasil para prorrogação das dívidas do setor. O encontro foi realizado na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), em Belo Horizonte.

A comitiva, que é formada por deputados mineiros, pelo presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado federal Emidinho Madeira, e pelo presidente da Faemg, Roberto Simões, pleiteou junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) providências imediatas, com o objetivo de evitar um colapso no setor de produtivo.

Durante a solenidade, o governador reafirmou o compromisso de apoio ao setor produtivo, seja ele rural ou industrial.

“Conseguimos criar, de janeiro até setembro, 110 mil empregos com carteira assinada em Minas, ficando bem acima da média do Brasil. E muito há a ser feito, mas aquilo que depende de trabalho, principalmente, nós estamos fazendo. Infelizmente, não temos recursos, mas não dependemos somente de dinheiro. Uma boa gestão e muito comprometimento são capazes de resolver muita coisa. Agradeço aos deputados que têm batalhado pela causa, estou ao lado deles, não tenho medido esforços e vamos continuar assim”, afirmou Romeu Zema.

O presidente da Frente Parlamentar do Café, Emidinho Madeira, ressaltou a importância do apoio do Governo de Minas na busca de soluções para os cafeicultores. “Estamos nessa luta de prorrogação das dívidas há quatro meses, na luta diária. Na hora de resolver, nós precisamos de respaldo político e a presença do governador Romeu Zema na reunião no Mapa, em Brasília, fez a diferença”, avaliou.

A crise da cafeicultura também mobilizou a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A secretária Ana Valentini esteve por várias vezes na capital federal para solicitar apoio político na intermediação junto aos agentes financeiros para negociação de prazos para o pagamento de financiamentos.

“Neste ano, além dos preços baixos, os produtores também tiveram queda na produção, produtividade e na qualidade do café. As medidas apresentadas são emergenciais e, com isso, a gente espera trazer um alívio para o produtor pagar suas dívidas, mas vamos continuar trabalhando por políticas públicas para a cafeicultura. Ainda não conseguimos observar a reação nos preços, mas vamos continuar lutando”, afirma.

Alternativas

Segundo o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil (BB), Marco Túlio da Costa, dentre as alternativas apresentadas pelo banco aos cafeicultores do país estão a prorrogação do prazo de pagamento da dívida, mantendo as mesmas condições e encargos da operação original contratada, com fixação de novo cronograma, de acordo com a capacidade de pagamento do produtor. “É uma ferramenta bastante elástica, com prazo de até cinco anos, e dá condições para que o produtor continue na atividade, mantendo o crédito e cumprindo suas obrigações”, explica.

A outra modalidade disponibilizada pelo BB é a renegociação da dívida. Ao escolher esta opção, o produtor fica impedido de operar com o banco até que sejam pagos 50% do capital negociado. O prazo para pagamento pode chegar a até 12 anos, incluídos os três anos de carência, e de acordo com a capacidade de pagamento. “Nossa orientação é para que o produtor opte pela prorrogação, porque é fundamental que ele continue tendo crédito no banco para continuar na atividade”, explica o diretor de Agronegócios.

Participaram da solenidade o presidente da Faemg, Roberto Simões; os deputados federais Diego Andrade e Emidinho Madeira; os deputados estaduais Antônio Carlos Arantes e Dalmo Ribeiro; o presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza; o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, dentre outras autoridades.

Café em Minas

De acordo com levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra mineira de café deve ser de 24,5 milhões de sacas. Com pouco mais da metade da produção nacional, Minas Gerais tem cerca de 150 mil cafeicultores, a maioria deles agricultores familiares que utilizam o sistema de produção manual, de maior custo em razão da necessidade de mão de obra.

Dos 463 municípios mineiros com exploração econômica do café (55% do estado), grande parte tem na atividade sua quase exclusiva produção agrícola, o que resulta em municípios com elevada dependência do produto para a dinâmica da economia local e regional.

Principal produto de exportação do agronegócio mineiro, no ano passado, o café foi exportado para 87 países, gerando divisas no valor de R$ 3,23 bilhões.

Fonte/Créditos: Agência Minas
Foto: FAEMG

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