Por Itatiaia
O vereador Henrique Braga (PSDB) até tentou, ao longo do fim de semana, costurar uma reunião entre o presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), e interlocutores do grupo político ligado ao secretário de Casa Civil, Marcelo Aro, mas não conseguiu. A ideia era acalmar os ânimos depois da agitada sexta-feira (25) em que o acordo entre a chamada Família Aro e Gabriel foi por água abaixo – e tudo indica que pode não ter volta.
Ainda na sexta, Gabriel determinou a exoneração da chefe de gabinete da presidência da Casa, Viviane Souza, e nomeação, no lugar, de Guilherme Papagaio, seu assessor envolvido na polêmica de sexta. Viviane tem ligação direta com o grupo de Aro e atuou como chefe de gabinete na gestão de Nely Aquino (Podemos) na Casa. A demissão da assessora foi interpretada como uma declaração de guerra, e que o desentendimento não deve parar por aí.
A coluna apurou que ainda nesta segunda-feira (28) e ao longo da semana, outros nomes indicados pela Família Aro para cargos na Câmara devem ser exonerados – na conta de aliados de Gabriel, o número passaria de 100, contando entre comissionados e até terceirizados. Para os espaços vagos, a ideia é que Gabriel articule e receba indicações de membros da base do prefeito Fuad Noman (PSD) – o que serviria para neutralizar votos que, numa eventual votação em plenário para cassá-lo, podem ser decisivos, além de construir um novo grupo aliado.
Por outro lado, a Família Aro também reflete qual caminho tomar. Uma das possibilidades, aventada dentro do grupo, é apresentar um pedido de quebra de decoro parlamentar contra Gabriel por conta da gravação feita com o Corregedor da Casa, Marcos Crispim (PSC). Se acontecer e o Corregedor aceitar, como é uma denúncia contra o presidente, o caso seria analisado pela Mesa Diretora da Câmara.
Atualmente, a Mesa é formada, além de Gabriel, pelo vice-presidente Juliano Lopes (Agir), o 2º vice Wesley Moreira (PP), a secretária-geral Marcela Trópia (Novo), o 1º secretário Ciro Pereira (PTB) e pela 2ª secretária Flávia Borja (PP). Numa avaliação à primeira vista, constam três integrantes e aliados da Família Aro (Juliano, Wesley e Borja) e dois vereadores mais próximos de Gabriel (Marcela e Ciro).
Caso a Mesa Diretora também dê sequência ao processo, a quebra de decoro parlamentar, e a consequente cassação de mandato de Gabriel, seria analisada por uma Comissão Processante durante três meses. Para instaurar a comissão, seriam necessários 21 votos e, depois do prazo, na votação do relatório final, precisos 28 votos para cassá-lo.
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