Por Metrópoles
O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão permanecer em silêncio durante depoimento simultâneo na sede da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (31/8). Fabio Wajngarten também não falou. Um dos motivos apresentados por ele é ser advogado do casal Bolsonaro.
Em um documento endereçado ao delegado Fábio Alvarez Shor e assinado por sete advogados, os profissionais defendem que os esclarecimentos já foram prestados em depoimento anterior de Bolsonaro, em 5 de abril.
Além disso, os advogados argumentaram que o Supremo Tribunal Federal (STF) não foi reconhecido pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como competente para receber e julgar os desdobramentos dessa investigação.
A defesa do casal Bolsonaro cita manifestação da PGR de 7 de agosto – no documento, o órgão pede que a competência para julgar o caso passe para a 6ª Vara Federal de Guarulhos (SP), onde as primeiras investigações se iniciaram, após a descoberta sobre a entrada ilegal de joias pelo aeroporto internacional.
“Os peticionários optam, a partir deste momento, por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que estejam diante de um Juiz natural competente”, alegou a defesa no documento.
Michelle e Bolsonaro estão entre as oito pessoas que foram convocadas para prestar depoimento simultâneo para a PF sobre o caso das joias.
Investigação
A Polícia Federal suspeita que a venda ilegal de presentes foi convertida em dinheiro em espécie para Bolsonaro. Em uma de aplicativo de mensagem, o ex-ajudante de ordem Mauro Cid fala que o pai, general Lourena Cid, teria R$ 25 mil dólares em dinheiro vivo. Os investigadores suspeitam que esse dinheiro era para o ex-presidente.
“Quando menos momentivamentação em conta, melhor”, afirmou Cid na mensagem.
Já Michelle Bolsonaro seria questionada no depoimento sobre um presente que teria desaparecido. Em uma das mensagens, o assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmera, diz que “já sumiu um (presente) que foi com a dona Michelle”.
Ao mesmo tempo
Oito pessoas investigadas no caso das joias foram convocadas para prestar depoimentos ao mesmo tempo. O objetivo da PF era impedir que os investigados combinassem versões entre si.
Além do ex-presidente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, depõem nesta quinta:
- Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações;
- Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro e coronel da reserva do Exército;
- Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid e general da reserva; e
- Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro e tenente do Exército.
O depoimento de Wassef foi realizado por videoconferência a partir da PF de São Paulo. Os outros sete chegaram até a sede da Polícia Federal em Brasília. Fabio Wajngarten também ficou em silêncio.
Foto: Igo Estrela/Metrópoles