Por Itatiaia
O clima de animosidade entre o presidente da Câmara de BH, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), e o secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), continuou durante o final de semana e deve render novos embates nos próximos dias.
Neste domingo (3), Gabriel Azevedo enviou um ofício ao vice-governador Mateus Simões (Novo) e à ouvidora-geral do Estado, Simone Deoud, acusando Marcelo Aro de estar pressionando os vereadores a votar pela sua cassação.
“Diversos vereadores relataram à esta presidência ações para pressioná-los a votar pela abertura do processo de cassação por parte de Marcelo Aro e/ou pessoas ligadas a ele e ao seu grupo”, relatou Gabriel no ofício.
A sessão que poderia votar a cassação de Azevedo começou na sexta-feira (1º), mas foi encerrada sem que o pedido – apresentado pela deputada Nely Aquino (Podemos) – fosse apreciado. A reunião durou mais de 5 horas, mas com uma ação de obstrução por parte de aliados do presidente da Câmara, as votações não foram concluídas e novas sessões serão convocadas nesta semana.
O presidente da Câmara divulgou neste domingo (3) quatro boletins de ocorrência que foram registrados por ele e vereadores aliados denunciando ameaças que teriam sido feitas por Marcelo Aro e seus aliados durante a reunião da semana passada.
‘Perdeu a confiança dos pares’
O secretário Marcelo Aro rebateu as alegações de Gabriel Azevedo afirmou que o presidente da Câmara “perdeu a confiança de seus pares ao gravar colegas e ao apoiar um assessor que falsificou um documento ele comete abuso de poder”.
“Gabriel é vereador em Belo Horizonte e eu sou Secretário de Estado, tenho mais o que fazer e acho que a cidade tem muito problema que ele deveria se preocupar em resolver ao invés de me atacar”, afirmou Aro.
“Ele tenta criar uma cortina de fumaça para desviar o foco do verdadeiro problema. O Gabriel quer virar prefeito sem ganhar a eleição e quer tocar a câmara como se fosse um ditador. Minha opinião é que esses são motivos mais que suficientes para que ele seja cassado e torço para que os vereadores tomem a decisão mais correta. Por último, importante registrar que fazer boletim de ocorrência falso é crime, mas lugar de debater com bandido é na justiça, não é pela imprensa”, concluiu o secretário.
Pedido do prefeito
A relação entre a presidência da Câmara de BH e a Prefeitura de BH também segue estremecida e turbulenta. Na semana passada, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), pediu que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abra uma investigação contra o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), e o procurador do Ministério Público de Contas, Glayson Massaria, por abuso de autoridade.
Segundo o prefeito, Azevedo também praticou os crimes de calúnia, injúria e difamação contra ele. Antes de decidir se abre ou não a investigação, o procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares, deu prazo de 30 dias para que tanto Gabriel Azevedo como Glayson Massaria prestem informações sobre as acusações.
Gabriel Azevedo rebateu as críticas do prefeito e afirmou que Fuad Noman não sabe “conviver com a democracia”. “Não há ilicitude em fazer oposição e fico muito honrado em ser intitulado “líder” pelo prefeito. Belo Horizonte precisa de líderes que retirem a cidade da lerdeza. Não existe número máximo de CPIs definido em lei e não é o Prefeito que escolhe como quer ser fiscalizado. E toda CPI depende da assinatura de pelo menos 14 vereadores”, disse Gabriel.
Foto: Bárbara Crepaldi/CMBH