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Grupo Zema quer investir fora de Minas para pagar menos tributos Irmão do governador, CEO da companhia revelou ao 'Estado de Minas' que pretende ampliar as operações para estados que cobrem menos impostos, como SP e ES

6 de outubro de 2023, 16h53 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Estado de Minas

Prestes a completar 100 anos, celebrados no próximo dia 12, o Grupo Zema planeja criar dois centros de distribuição, em São Paulo e no Espírito Santo, para obter condições tributárias e logísticas melhores do que em Minas Gerais, revelou à reportagem do Estado de Minas o CEO do grupo, Romero, que é irmão do governador Romeu Zema (Novo).

“Infelizmente, no Brasil, devido à diversidade entre estados, a área tributária acaba estimulando a busca por novos estados onde a carga tributária seja menor. Então, nós já estamos estudando abrir dois novos pontos de distribuição, um no Espírito Santo e outro em São Paulo, para facilitar não só a logística como também uma vantagem tributária”, declarou.

A decisão do grupo de investir em estados vizinhos é explicada, em parte, pela alíquota geral do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Brasil, que é dividida em dois grupos. O primeiro inclui o Espírito Santo e todos os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para estes, na transação entre unidades federativas, é aplicada uma alíquota de 7% na origem. Já nos demais estados da Região Sudeste e no Sul, a retenção é de 12%.

“São Paulo é, praticamente, pela questão logística. Hoje, 80% do nosso faturamento se concentra no Sudeste e a partir do momento que você parte de São Paulo tem uma facilidade e uma agilidade maior para fazer a entrega. Já no Espírito Santo, a tributação é menor e chega a dar uma diferença em torno de 20% no preço final do produto. É claro que tem que agregar a distância, logística, frete, mas realmente acaba pesando”, afirmou o CEO.

Taxação

De acordo com Romero, a busca por alternativas tributárias é influenciada também pela não taxação de produtos importados. “O mercado de e-commerce e marketplace está passando por certas alterações. A gente vê o governo falando que vai taxar os produtos importados até US$ 50, que é uma concorrência externa de outros países que acabam sendo beneficiados devido à diferença da carga tributária e isso nos faz correr atrás de opções”, explicou.

Em 18 de abril, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuou na proposta de tributar transações entre pessoas físicas de até US$ 50. A ideia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), era coibir fraudes fiscais de importações em plataformas onde as empresas de comércio eletrônico colocavam indevidamente o nome de pessoas físicas como remetentes, com o intuito de escapar das taxa que pagariam enquanto pessoa jurídica.

“Diversos segmentos estão pagando caro por ainda não ter acontecido a reforma tributária. O governo está um pouco perdido nisso. Toma uma decisão, amanhã volta atrás. Aumenta a tributação de marketplace, depois retorna. Então, a gente fica perdido, sem saber para que lado ir. A gente tem que ter dois, três planos, para, dependendo do que acontecer, optar por um deles”, ponderou Romero. Segundo o executivo, outros fatores também afetaram a economia, como o aumento da taxa de juros e o impasse entre governo federal e Banco Central para que esta seja reduzida.

Americanas

Em janeiro, o mercado varejista brasileiro foi fortemente impactado pelo anúncio da Americanas S.A., que revelou uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço e pediu uma tutela cautelar para evitar a antecipação de vencimento de dívidas que, segundo a companhia, somam R$ 40 bilhões.

“Para o varejo de eletrodoméstico foi outra coisa negativa, em um primeiro momento, porque nos bancos, onde a gente busca recurso para financiamento dos clientes, as taxas de juros automaticamente subiram. A gente deixa de ter recurso no mercado, ativo, devido à desconfiança excessiva. As seguradoras que asseguram o varejo perante os grandes fornecedores também elevaram as suas taxas e, consequentemente, o mercado de e-commerce acabou sentindo isso”, ponderou Romero.

Centenário

Prestes a completar 100 anos, o grupo continua inovando. Segundo Romero, o e-commerce já corresponde a 10% das vendas. Com 468 lojas e 5.100 funcionários diretos em seis estados, o grupo registrou um faturamento de R$ 2,2 bilhões em 2022, somando as cinco divisões atuais: Lojas Zema, Zema Financeira, Concessionárias, Zema Consórcio e Zema Seguros. A projeção para 2023 é de R$ 2,5 bilhões, com um crescimento entre 10% e 12%.

“Uma das coisas que permitiram ao grupo se superar em várias crises que passou foi justamente a diversificação que a gente possui. Já atuamos no ramo de combustível, de construção, já tivemos hotéis. Quando há uma crise, sempre tem um ramo melhor do que o outro. Na pandemia, por exemplo, a gente viu que vários segmentos tiveram crescimento enquanto que outros estão sofrendo até hoje”, avaliou Romero sobre o sucesso do Grupo Zema ao longo do último século.

Foto: Grupo Zema/Divulgação

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