Por DCM
As recentes declarações do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, sobre os ataques do Hamas em 7 de outubro despertaram fortes reações no âmbito da diplomacia israelense. O chanceler sionista Eli Cohen criticou Guterres afirmando que os ataques “não aconteceram do nada”. Cohen também cancelou uma reunião agendada com o representante da ONU.
“É importante reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante. Viram suas terras serem progressivamente devorados por colonatos e assolados pela violência”, argumentou o secretário-geral.
“As suas esperanças de uma solução política para a sua sitação têm desaparecido. Mas as queixas do povo palestino não podem justificar os terríveis ataques do Hamas, e esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestino”, acrescentou.
Veja:
HISTÓRICO
🇺🇳 o secretário-geral da ONU, António Guterres, denuncia o apartheid imposto por Israel na Palestina há décadas, e explica que isso levou ao aparecimento do Hamas. pic.twitter.com/oQgaXT6lQu
— Pedro Prola (@pedroprola) October 24, 2023
O embaixador de Israel na ONU, Gilard Erdan pediua demissão de Guterres devido aos seus comentários. A tensão aumentou durante a mais recente reunião do Conselho de Segurança da ONU, sob a presidência do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em Nova York (EUA).
Após os discursos de diversos integrantes do conselho, Vieira fez um apelo por um “mínimo de humanidade” tanto ao Hamas quanto ao Estado de Israel. Enquanto os representantes israelenses na ONU repreendiam Guterres, questionando “em que mundo ele vive”, a ONU reiterava a importância de proteger os civis e a necessidade de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.
O coordenador especial da ONU, Tor Wennesland, reforçou a posição da instituição condenando os ataques e pedindo responsabilidade a todos os envolvidos. Ele ressaltou os possíveis impactos negativos de quaisquer erros de cálculo durante o conflito.
As tensões diplomáticas continuam em alta, com os Estados Unidos apresentando uma proposta para a resolução do conflito. A expectativa é que Rússia e China, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, se oponham à iniciativa estadunidense, considerando o histórico recente da diplomacia dos EUA.
Na última quarta-feira (18), os EUA decidiram vetar a resolução proposta pelo Brasil em relação ao conflito entre Israel e o Hamas, no Conselho de Segurança da ONU. Como membro permanente do Conselho, o país presidido por Joe Biden possui a capacidade de bloquear resoluções, tornando sua posição influente no processo decisório.
“Esse texto focava basicamente na cessão das hostilidades, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária […] e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária”, afirmou o chanceler no Itamaraty em encontro com jornalistas após o veto.
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