Por DCM
A maioria das questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), prova criticada por bolsonaristas, foi feita durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Manuel Palácios, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 86% das perguntas aplicadas no primeiro dia de prova, neste domingo (5), foram formuladas na gestão anterior.
Palácios foi chamado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados após a aplicação do exame. Parlamentares bolsonaristas e da bancada ruralista têm reclamado da suposta “ideologia” de algumas questões, alegando que algumas não tem nenhum “critério científico”.
Segundo as informações apresentadas na Casa Legislativa pelo presidente do Inep, 82 das 96 perguntas do exame foram elaboradas entre 2019 e 2021, época em que Bolsonaro era presidente. Na parte de linguagens, 43 das 45 questões foram feitas durante a gestão anterior, enquanto na de ciências humanas 39 das 50 foram criadas no período.
“Fazemos o possível para assegurar liberdade e independência na construção desses instrumentos. A intervenção da presidência do Inep não pode acontecer. Porque, repito, professores são os responsáveis por fazer provas. E o processo de seleção desses professores é público e obedece a um conjunto de regras”, afirmou Palácios.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu a anulação de três questões da prova, dizendo que elas são “são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica” e não têm resposta certa, já que o aluno pode marcar “qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”.
O presidente do Inep ressaltou, no entanto, que “a resposta correta não depende de opinião”, mas com das habilidades cognitivas do candidato. Ele também explicou que os textos escolhidos são extraídos de fontes legítimas e reconhecidas pela comunidade científica.
Ele também defendeu que é normal que alguns temas causem controvérsia no exame. “Ciências humanas lidam com problemas da sociedade, então tendem a ser mais provocadores do que outros temas. Há trechos que são claramente liberais e estão presentes na prova, mas também não é questão que importe”, prosseguiu.
Palácios também negou que a prova tivesse o objetivo de atacar o agronegócio, como foi alegado pela FPA. “Isso não precisa ser dito, é um tanto óbvio e não parece ser um tema relevante nessa discussão”, completou.
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