Home Argentina Crescem as chances de vitória de Massa na Argentina. Por Gabriel E. Vitullo

Crescem as chances de vitória de Massa na Argentina. Por Gabriel E. Vitullo

13 de novembro de 2023, 14h44 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por DCM

O resultado do debate de ontem, na Argentina, parece ter consolidado as chances de vitória do candidato governista, o Ministro da Fazenda Sérgio Massa, e a consequente derrota de Javier Milei, o candidato da ultra-direita.

Costuma-se dizer que debate não define eleição. Entretanto, este não seria o caso, dado o quão renhida que se encontra a disputa– a maioria das pesquisas de opinião anunciava nestes últimos dias um quadro de empate técnico –, o enorme contraste no desempenho de um e outro candidato e o fato de ter sido assistido por milhões, quase como se se tratasse de final de Copa do Mundo.

No confronto de ontem, Massa passou a imagem de futuro presidente, enquanto Milei saiu desidratado, empequenecido diante do seu eleitorado mais fiel. Muito longe daquele “leão” corajoso, destemido e provocador.

Para evitar o risco de se descontrolar – como, de fato, aconteceu nas últimas semanas em mais de uma entrevista televisiva –, a equipe de campanha forçou o Milei a baixar o tom, o que acabou por deixar ele na defensiva, perdendo boa parte daquelas características que despertavam maior interesse entre seus seguidores.

Javier Milei, candidato ultraliberal à presidência da Argentina. Foto: Erica Canepa/Bloomberg/Getty Images

O eloquente contraste no desempenho no debate completaria, portanto, um processo que vinha se desenvolvendo desde o pacto Milei-Macri (ou, melhor dizendo, de submissão do primeiro a este último): se por um lado o abraço de urso do Macri lhe deu algum verniz de credibilidade e respeitabilidade entre os votantes da Patrícia Bullrich (terceira colocada no primeiro turno e candidata de uma direita cada vez mais extremada), por outro tirou boa parte do seu potencial disruptivo e desafiador.

O candidato “anti-casta” associou-se ao pior do que ele chama de “casta política”, o que lhe rendeu estrutura, apoio econômico, articulação política nas altas esferas e capacidade de fiscalização, porém ao mesmo tempo lhe tirou poder de atração entre os “mileistas” mais radicalizados.

Num primeiro momento, a equação parecia favorável: era mais o que Milei ganhava com esse apoio maciço do macrismo do que perdia na descaracterização da sua proposta. Porém, diria que esta equação ganhadora já passou de ser novidade e perdeu fôlego, deixando Milei (e seguidores) cada vez mais confuso e sem norte.

Faltam seis dias para a eleição. Dias, estes, em que ainda podem aparecer algumas surpresas. Todavia, a onda novamente parece crescer em favor de Massa.

No debate, muitos indecisos podem ter deixado de sê-lo (em grande parte orientando-se em favor do candidato do governo) e muitos outros podem ter mutado de potenciais votantes de Milei para novos indecisos.

Com todas as ressalvas e cuidados que devemos ter com as pesquisas, que têm errado bastante na Argentina e alhures, há uma delas que creio merecer especial atenção: refiro-me à última pesquisa da CELAG, uma das poucas que, de fato, conseguiu se aproximar bastante do que acabou acontecendo no primeiro turno, com o inesperado triunfo do Massa.

Além de prognosticar um empate técnico, com Massa na frente por menos de dois pontos percentuais, há uma pergunta dessa pesquisa cujo resultado soa bem alentador: quando os entrevistados são inquiridos a respeito de quem acham que será o próximo presidente, independentemente de sua preferência eleitoral, 51% respondem que será Massa e só 43% opinam que será Milei.

Isto autorizaria o “já ganhou”? Não, muito pelo contrário: trata-se de evitar esse risco e de intensificar a militância – especialmente nas ruas – para consolidar a vitória de uma eleição que, a princípio, pareceria por fim estar definida e, provavelmente, por uma diferença maior daquela que se imaginava até aqui.

Foto: Reprodução

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