Home Economia Falta de uma política fiscal que funcione e a descrença na meta de déficit zero aumentam pessimismo do mercado

Falta de uma política fiscal que funcione e a descrença na meta de déficit zero aumentam pessimismo do mercado

24 de novembro de 2023, 08h00 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Felipe Nunes

A 5ª rodada da pesquisa Genial/Quaest realizada com o mercado financeiro mostra que a avaliação do governo Lula piorou no setor: saiu de 47% para 52% (+5pp) a avaliação negativa e de 12% para 9% (-3pp) a avaliação positiva.

Também cresceu o pessimismo com a economia: saltou de 34% para 55% (+21pp) quem espera que a economia piore no próximo ano, enquanto caiu de 36% para 21% (-15pp) quem espera que a economia vai melhorar.

A principal razão para esse pessimismo está na falta de uma política fiscal que funcione (77%). Ou seja, o mercado não acredita que o arcabouço votado, aprovado e sancionado esteja de fato funcionando.

Em setembro, o mercado já não acreditava que o governo iria conseguir zerar o déficit em 2024 (95%), mas depois que o governo passou a discutir em público as dificuldades de se chegar nesta meta, o mercado piorou sua avaliação (100%).

A maior parte do setor financeiro já trabalha com uma nova meta de déficit fixada em 0.5%. A minoria (20%) ainda acredita que o governo mantenha a meta de déficit zero. Mas quase 20% acham que o déficit chegue a 0.75%.

O pessimismo atual do mercado está mostrado na opinião de que essa mudança na meta deve impactar negativamente a inflação, o desemprego e a bolsa.

O interessante é que em julho, logo depois da aprovação das regras do arcabouço e da reforma tributária, boa parte do mercado havia mudado seu humor e passado a acreditar na direção da política econômica. Mas o que aconteceu no segundo semestre trouxe desconfiança novamente.

Até as previsões para o PIB foram ajustadas. Enquanto se formava um consenso de um crescimento de 3% em setembro; agora, a maioria do mercado aposta em um PIB abaixo dos 3%.

Quem pagou um preço alto foi o ministro da Fazenda. Embora a avaliação do trabalho de Haddad continue muito melhor do que a avaliação do governo (43% positiva x 9% positiva no caso do governo), ela vem caindo ao longo do segundo semestre.

A vantagem que Haddad ainda tem está na força que o mercado ainda vê nele. Metade dos entrevistados acredita que sua força não mudou, mesmo depois do debate sobre a meta. Outros 12% que acham que ele se fortaleceu. Ou seja, 61% do mercado ainda acredita em seu poder.

O que Haddad tem que fazer é se concentrar na aprovação da agenda arrecadatória no Congresso. O mercado está mais desconfiado da capacidade do governo aprovar sua agenda no Legislativo.

Dentre as opções em discussão, apenas os fundos exclusivos e offshore são consenso no mercado. A volta dos impostos federais sobre as subvenções do ICMS e a taxação sobre os subsídios do ICMS podem passar. As outras medidas são vistas com menos otimismo.

Se a pesquisa captou uma piora do governo por conta do debate fiscal, ela também captou uma melhora internacional. Na avaliação do mercado, o ciclo de alta dos juros americanos terminou (85%), o que é positivo para o Brasil.

Além disso, o mercado espera que os juros cheguem a 11.75% na próxima reunião do COPOM.

A maior parte acha que o ciclo de cortes se encerra abaixo dos 10%.

A atuação do presidente Campos Neto continua sendo muito bem avaliada pelo mercado: 85% avaliam seu trabalho como ótimo ou bom.

A preocupação com a futura indicação de Lula para a presidencia do Banco Central continua preocupando a maioria (70%).

A preocupação do mercado é com o risco de ingerência do governo na política do BACEN (51%).

A indicação de Paulo Pichetti para a diretoria de Assuntos Internacionais do BACEN foi bem aceita no mercado, mas o nome de Rodrigo Alves Teixeira para a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco aparece como neutra ou negativa.

Mesmo com a dúvida em relação a um dos diretores indicados, a maioria do mercado acredita que o voto deles será técnico e não político.

Para concluir, a pesquisa também pediu a confiança do mercado em alguns líderes políticos. Campos Neto, Tarcisio e Zema são os mais confiáveis. Lula, Jean Paul e Tebet os menos confiáveis. Esta última tem perdido consistentemente força de imagem entre os agentes do mercado.

A pesquisa ouviu 100 pessoas entre gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão das 72 maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 16 e 21 de novembro de 2023.

Foto: Reprodução/Jornal De Brasília

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