Home Censura Bolsonaro corta assinaturas da Folha no governo por vingança

Bolsonaro corta assinaturas da Folha no governo por vingança Segundo o presidente, o jornal "envenena o governo"; em nota, a Folha lamentou a decisão, que considerou "abertamente discriminatória".

2 de novembro de 2019, 01h06 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O presidente Jair Bolsonaro disse que determinou o cancelamento de todas as assinaturas do jornal Folha de S. Paulo em órgãos do governo federal. Em tom de ameaça, o presidente também disse que os anunciantes do jornal “devem prestar atenção”.

Bolsonaro disse nessa quinta-feira (31), determinou que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S.Paulo. “A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo aqui em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na TV Bandeirantes.

“Espero que não me acusem de censura. Está certo? Quem quiser comprar a Folha de S.Paulo, ninguém vai ser punido, o assessor dele vai lá na banca e compra lá e se divirta. Eu não quero mais saber da Folha de S.Paulo, que envenena o meu governo a leitura da Folha de S.Paulo”, completou.

Bolsonaro voltou a abordar o tema mais tarde, em live nas redes sociais: “Não vamos mais gastar dinheiro com esse tipo de jornal. E quem anuncia na Folha de S.Paulo presta atenção, está certo?”.

Em nota, a Folha afirmou que “lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal e vai continuar fazendo, em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.

ANJ critica medida

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiou as declarações do presidente da República contra a “Folha de S.Paulo” e apontou que a falta de pluralidade só traz prejuízos para a administração pública. “A ANJ lamenta que, assim como agiu o presidente Donald Trump há poucos dias, o presidente Jair Bolsonaro escolha caminho idêntico, o que significará menos pluralidade e informação profissional para o serviço federal. Mesmo que as assinaturas para governos representem uma receita ínfima para jornais, a livre circulação de notícias e ideias ajuda a construir políticas públicas, a corrigir rumos e aperfeiçoar caminhos na administração pública”, afirma a entidade em nota.

A atitude de Bolsonaro é semelhante a tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, quando passou a instruir órgãos federais a cancelar as assinaturas dos jornais The New York Times e The Washington Post.

Com informações do Metro1 e O Globo.
Foto: Reprodução/Redes Sociais

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário