José Luiz Datena filiou-se ao seu décimo partido (em 8 anos) e agora aparece como candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Tabata Amaral.
Faz tempo, toda pré-eleição é assim. Datena faz uma onda, entra num novo partido, vai ser candidato a algum cargo majoritário – na cabeça de chapa ou na vice – e na hora H dá pra trás.
Já esteve no PT, já esteve no PSL com Jair Bolsonaro, já esteve em todo o canto. Agora está no PSB. Seu compromisso com o “socialismo” que está no nome do partido certamente é quase tão forte quanto o dos padrinhos de sua filiação: Geraldo Alckmin, Márcio França, Tabata.
O interessante é a lógica política por trás da pretensa chapa.
Tabata faz o papel de boa moça, certinha, esforçada. Liberal e privatista, sim, mas preocupada com os pobres e sempre “politicamente correta”. Fala da infância sofrida e milita a favor da saúde mental. É o oposto da “radical”. É a terceira via de banho tomado.
Datena é o troglodita. O jornalista fanfarrão, que lucra com o mundo cão, destila preconceitos, aplaude a brutalidade e não recua diante da calúnia e da mentira.
O sorriso de Tabata ao lado de Datena é um emblema da hipocrisia política.
Não que a deputada de Lemann esteja sozinha nisso. No começo do ano, Datena insinuava ser vice não dela, mas de Boulos.
Hoje, o lulista Boulos disputa com o bolsonarista Nunes o apoio de Marta Suplicy.
Marta, a ex-petista que apoiou o golpe contra Dilma, saudou Temer e seus retrocessos como “governo de união nacional [que] conseguirá resgatar a esperança e a autoestima dos brasileiros”, declarou aos jornais que nunca foi de esquerda – e que agora Lula que refiliar ao partido para fazer dela vice-prefeita de São Paulo.
A política não é isso. Isso é a política reduzida ao cálculo eleitoral imediato.
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