Home Política Após namorar Bolsonaro, Nunes não pode acusar Marta de traição com Boulos. Por Leonardo Sakamoto

Após namorar Bolsonaro, Nunes não pode acusar Marta de traição com Boulos. Por Leonardo Sakamoto

9 de janeiro de 2024, 21h29 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Por Leonardo Sakamoto – O mundo da política sabia da negociação entre Marta Suplicy e o presidente Lula para que ela voltasse ao PT e concorresse à Prefeitura de São Paulo como vice de Guilherme Boulos (PSOL) tanto quanto sabe da tentativa de Ricardo Nunes (MDB) de conseguir o apoio de Jair Bolsonaro.

Mesmo assim, diante dos sinais de que a chapa Boulos-Marta vai vingar, o prefeito faz de conta que foi surpreendido. Pura encenação de vitimismo para tentar extrair alguma compensação eleitoral.

Questionado sobre o assunto nos últimos meses, Nunes dava a entender que confiava que sua secretária de Relações Internacionais não iria abandonar a sua reeleição. Mas sabia do risco que a sua aproximação com Jair Bolsonaro causaria em sua relação com Marta. A ex-senadora, ex-prefeita e ex-ministra tem ojeriza ao ex-presidente, como uma parcela dos paulistanos.

Pois, para muita gente, isso significa o distanciamento completo de Nunes do discurso que o elegeu, como vice de Bruno Covas.

A imagem de traidor é uma das piores que podem ser atribuídas a um político. E tão logo a informação sobre Marta ter aceitado o convite de Lula passar a circular, redes sociais começaram a ataca-la dessa forma.

Mais do que isso: buscaram conectar o caso à separação dela de seu ex-marido, o deputado Eduardo Suplicy. Na época, ela foi duramente atacada por conta disso, seguindo o nosso padrão machista.

Vale lembrar que mulheres que são figuras públicas, principalmente na política, tem ataques contra si potencializados pela misoginia violenta e covarde.

A questão é que será um tanto quanto irônico se Nunes apelar a isso.

Na eleição de 2020, Bruno Covas disse o que achava daquele que, agora, Nunes corteja: “Anulei meu voto na eleição presidencial de 2018, por não ver no Bolsonaro nenhum discurso que agregasse valores democráticos”. Os atos golpistas de 8 de janeiro provam que o falecido prefeito estava certo.

Como explicar a quem acreditou em Bruno que, agora, o vice dele está implorando apoio de Bolsonaro? Marta não tem obrigação de bater continência enquanto Nunes negocia com alguém que tentou golpear a democracia.

Fonte: Diário do Centro do Mundo.
Originalmente publicado no Uol.
Foto: Divulgação/Prefeitura de SP.

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