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Evo Morales chega ao México após dificuldades no trajeto Países como Bolívia e Equador não autorizaram sobrevoo da aeronave que levava o ex-presidente boliviano. Itamaraty confirmou que autorizou passagem.

12 de novembro de 2019, 18h15 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Evo Morales chegou nesta terça-feira (12) ao México, país que lhe concedeu asilo após renunciar ao cargo de presidente da Bolívia sob pressão das Forças Armadas bolivianas. Ele desceu da aeronave às 14h17 (de Brasília).

Entenda a crise na Bolívia

Evo Morales a bordo de avião que o levou para o México — Foto: Chanceler mexicano Marcelo Ebrard / Twitter

O boliviano embarcou na aeronave da Força Aérea mexicana por volta das 22h50 de segunda-feira no aeroporto de Chimoré, perto de Cochabamba – antigo reduto do ex-presidente. Antes, o avião fez uma parada para abastecimento no Peru, que em um primeiro momento havia autorizado passagem.

De acordo com o chanceler do México, Marcelo Ebrard, o avião com Evo teve dificuldades até pousar na capital mexicana devido às dificuldades em se obter autorização para sobrevoar espaços aéreos de países pelo caminho. Bolívia e Equador, por exemplo, não autorizaram (veja o périplo de Evo Morales até chegar à Cidade do México).

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro confirmou que permitiu a passagem do voo com Evo pelo espaço aéreo do Brasil a pedido do governo do México.

Evo denuncia ‘recompensa’ para capturá-lo

Evo Morales é ajudado pelo ex-vice-presidente Alvaro García Linera ao preparar-se para amarrar o sapato ao chegar na Cidade do México — Foto: AFP/Pedro Pardo

Ainda na pista do aeroporto da Cidade do México, Evo Morales afirmou que grupos ofereciam até US$ 50 mil para que o entregassem. Segundo o ex-presidente da Bolívia, ele soube disso um dia antes de deixar o cargo. “Por isso, estamos muito agradecidos. Salvaram nossa vida”, disse.

“Decidi renunciar para que não haja mais derramamento de sangue”, disse Evo.

Evo ainda prometeu continuar na política. “Quero dizer que, enquanto eu estiver vivo, seguiremos na política. Enquanto estiver vivo, continuará a luta”, afirmou.

Além de Evo, o agora ex-vice-presidente da Bolívia Álvaro García Linera e a deputada Gabriela Montaño desembarcaram no México, informou o jornal boliviano “El Deber”.

Renúncia de Evo

Imagem da comemoração da renúncia de Evo Morales, em La Paz, no dia 10 de novembro de 2019; Luis Fernando Camacho, um líder da oposição, comemora os manifestantes — Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Evo Morales obteve asilo no México um dia depois de pedir renúncia ao cargo por pressões das Forças Armadas em meio à crise gerada pelas denúncias de fraude nas eleições presidenciais de outubro.

O pleito deu vitória a Evo para que ele começasse um quarto mandato consecutivo, mas opositores e representantes de outros países denunciaram fraude. Assim, a Organização dos Estados Americanos (OEA) iniciou auditoria – e o resultado indicou a necessidade de novas eleições.

O então presidente anunciou que organizaria uma nova votação. No entanto, a oposição continuou com os protestos contra Evo, inclusive com motins de policiais que se recusaram a reprimir manifestantes contrários ao governo.

Sob pressão, Evo pediu asilo ao México, que aceitou conceder-lhe. O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, afirmou que o agora ex-presidente da Bolívia está sob proteção de acordo com as convenções internacionais vigentes. “Sua vida e integridade estão salvas”, disse o ministro.

‘Dói abandonar o país’

Evo Morales publicou foto deitado em barraca montada no chão em Cochabamba, na Bolívia, onde ele teria passado a noite após renunciar à Presidência — Foto: @evoespueblo/Reprodução/Twitter

Após pedir renúncia, Evo passou a noite acampado em uma barraca improvisada com lençóis na região de Cochabamba, no centro da Bolívia. Em mensagem no Twitter, o ex-presidente disse que se lembrou “dos tempos de dirigente sindical”. “Estou muito grato aos meus irmãos das federações do Trópico de Cochabamba por nos garantir segurança e cuidado”, escreveu.

Evo embarcou rumo ao México por volta das 22h50 (de Brasília) de segunda-feira. Pouco antes de o avião decolar de Chimoré, Evo usou as redes sociais para se despedir:

“Dói abandonar o país por razões políticas, mas estarei sempre atento. Voltarei logo, com mais força e energia”, escreveu.

Em uma outra mensagem, ele afirmou que houve tentativas de vandalizar suas propriedades. “Depois de saquear e tratar de incendiar a minha casa em Villa Victoria, grupos de vândalos dos golpistas Mesa e Camacho atacaram meu domicílio no bairro Magisterio de Cochabamba.

“Eu agradeço muito aos meus vizinhos que frearam esses assaltos”, completa a mensagem.

Fonte/Créditos: G1
Foto: Reuters/Edgard Garrido

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