O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, rebateu nesta sexta-feira (12) as críticas que recebeu do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que o classificou como “desafeto” e “incompetente” na última quinta-feira (11).
“Eu não tenho qualquer tipo de rancor. Sobre rancor, a periferia da minha cidade diz que ‘mano, rancor é igual a tumor, envenena a raiz’”, disse o ministro em referência a trecho de música do rapper Emicida.
Ontem, Lira chamou Padilha, de “incompetente” e se referiu ao petista como um “desafeto”. O presidente da Câmara subiu o tom após ser questionado sobre a articulação de Padilha para que a Câmara mantivesse a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) – o que acabou ocorrendo, na quarta-feira (10).
Perguntado se o caso demonstrou enfraquecimento da liderança dele, Lira disparou.
“Foi [um vazamento] do governo e, basicamente, do ministro Padilha), que é um desafeto, além de pessoal, incompetente”, afirmou. “É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem implantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o parlamento. E depois, quando o parlamento reage, acham ruim.”
Lira e Padilha: entenda histórico de desentendimentos
Padilha e Lira já não dialogam mais desde o segundo semestre de 2023. A tarefa de conversar com o presidente da Câmara está com Rui Costa, ministro da Casa Civil.
O presidente da Câmara fez chegar críticas a Lula sobre o trabalho do ministro, como promessas não cumpridas de nomeações em estatais e liberações de emendas.
Na ocasião, Lira levou sua insatisfação sobre a articulação política do governo a Costa.
Em fevereiro, Padilha negou que exista qualquer clima que “gere tensão” entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
Segundo Padilha, Lula tem “muita certeza” de que o governo terá um “ambiente positivo tanto com o Senado quanto com a Câmara”. “Essa dupla [Congresso e governo] vai continuar marcando muitos gols em 2024”, afirmou na ocasião.
Dias antes, durante a abertura do ano Legislativo, o presidente da Câmara subiu o tom e, em recado ao Planalto, disse que o Orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por “burocracia técnica” e por quem não foi eleito.
Lira também declarou que os parlamentares “não foram eleitos para serem carimbadores” das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.
Conflito mais por recursos do que por votos
O embate entre Padilha e Lira tem mais a ver com uma disputa pelo controle de recursos federais do que por votações no Congresso, avaliaram à CNN duas fontes do Palácio do Planalto.
Isso aconteceria, mais especificamente, sobre duas operações políticas lideradas por Padilha: o veto à liberação de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares e a blindagem que Padilha faz à ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Em janeiro, Lula vetou um dispositivo do orçamento que previa o repasse em emendas de comissão, que são direcionadas à Câmara e ao Senado.
Nos bastidores, Lira se incomodou e ali ficou interrompida a relação entre ambos. Dentro do Planalto, foi Padilha quem bancou o veto a Lula e o transmitiu a lideranças do Congresso.
Na época, ele disse que o veto ocorreu por conta da inflação que, segundo ele, “autoriza menos recursos para o governo”.
Em outra frente, Padilha também lidera a manutenção de Nísia Trindade na Saúde ante os ataques especulativos que ela sofre, em especial do Centrão.
Com informações da CNN Brasil.
Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo.