Home Rio Grande do Sul Eduardo Leite tenta largar uma granada no colo de Paulo Pimenta. Por Moisés Mendes

Eduardo Leite tenta largar uma granada no colo de Paulo Pimenta. Por Moisés Mendes

21 de maio de 2024, 14h39 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Eduardo Leite se recuperou, no Roda Viva, do fracasso das duas entrevistas que havia dado à Folha e ao Globo, que foram publicadas nessa segunda-feira.

Foi mais enérgico, disse várias vezes ter certeza de que o Estado será reconstruído (o que falava sem convicção), enrolou sobre suas posições definidas como não-negacionistas e tentou atirar uma granada no colo do ministro Paulo Pimenta.

Referiu-se a Pimenta como uma espécie de embaixador do Rio Grande do Sul em Brasília e disse que o ministro tem agora a missão de buscar a ‘anistia’ de parte da dívida do Estado junto ao governo federal.

Leite deu uma tarefa a Pimenta, como se avisasse que o eventual fracasso dessa anistia esdrúxula será debitado na conta do ministro.

A anistia significaria a extinção de pelo menos três anos da dívida gaúcha (uma anistia de mais de R$ 12 bilhões), após o período de suspensão do pagamento por 36 meses, decidido por Lula este mês. É uma ideia sem sentido e sem base legal. Mas Pimenta passa a ser, na cabeça de Eduardo Leite, um mandalete dele.

A definição de Pimenta como ’embaixador’ teve um tom depreciativo das atribuições do ministro, que vai coordenar a gestão federal da reconstrução do Rio Grande do Sul.

Leite deve ter sido chamado por uma junta de marqueteiros para ajustar a fala e a entonação antes da entrevista. A bancada de jornalistas, que começou bem, foi murchando ao final diante do crescimento do tucano.

Mas Leite não conseguiu convencer que tenha condições de liderar a reconstrução do Estado. É vacilante (tanto que recuou da ideia de adiamento das eleições municipais no Estado, diante da reação do próprio TSE).

É enrolador (disse que não atentou contra o meio ambiente ao revogar parte da legislação ambiental do Estado) e é reticente quando questionado sobre suas ligações com a extrema direita (diz apenas que é contrário à polarização).

Ficaram faltando pelo menos duas pautas relevantes. A primeira sobre o impacto das privatizações, em especial a que entregou a CEEE ao grupo Equatorial, que não tem condições de gerir os serviços de energia elétrica.

E a bancada não teve coragem de perguntar nada sobre os ataques que o tucano sofre da extrema direita por ser gay, como aconteceu de novo com o vídeo de uma fundamentalista religiosa dias atrás.

Leite fez declaração pública de que é assumidamente gay, antes da campanha da eleição de 2022, como se estivesse fazendo uma aposta no marketing das diferenças, o que é legítimo sob todos os aspectos.

O governador vem sendo atacado com frequência por extremistas simpatizantes dos grupos que o apoiavam (e que fizeram parte do seu governo), o que ainda o expõe como um alvo do fascismo homofóbico. Não é um tema qualquer a ser ignorado numa entrevista de mais de duas horas.

Outros dois detalhes. O governador disse cinco vezes a palavra resiliência, que a direita tem usado com frequência e que começa a gastar, como a palavra narrativa.

E narrativa foi citada por ele por três vezes. Narrativa é a palavra preferida da extrema direita para desqualificar ideias e posições dos adversários. E foi assim que Leite a usou no Roda Viva.

Com informações do Diário do Centro do Mundo.
Foto: Reprodução.

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