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Vice-presidente renuncia e aprofunda crise exposta por Kalil no Republicanos Empresário Alex Diniz entrega cargo em mais um conflito no diretório estadual, que vive sob tensão desde que o comando foi trocado ainda em julho de 2023.

7 de agosto de 2024, 18h33 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

As eleições municipais em Governador Valadares, Rio Doce, expuseram mais uma fratura no Republicanos em Minas Gerais. Irritado com o lançamento do pré-candidato à prefeitura Renato do Samaritano, o empresário Alex Diniz entregou o cargo de vice-presidente estadual na última segunda-feira (5/8). A renúncia aprofundou a crise no partido, pública desde que o ex-prefeito Alexandre Kalil anunciou a filiação, mas iniciada quando a Executiva nacional interveio no diretório estadual.

Alex, que apoia a pré-candidatura do deputado estadual Coronel Sandro (PL) à prefeitura, anunciou a decisão durante a convenção partidária do PL de Valadares. Ao entregar o cargo, o empresário atirou um boné e uma camiseta do Republicanos no lixo. “O meu partido é o Brasil. Não vou admitir canalhice aqui (em Valadares). (…) Quando entrei na vida pública, fiz uma promessa para mim mesmo de não ser subalterno, de não me compactuar com ladroagem, com safadeza”, disparou Alex.

Procurado pelo Aparte, Alex, que é primeiro suplente do senador Cleitinho (Republicanos), se limitou a dizer que renunciou ao cargo por “bandidagem e falsos profetas”. Questionado a quem se referia, o empresário não respondeu. Durante o pronunciamento, o agora ex-vice presidente do Republicanos chegou a afirmar que lutaria com “todas as forças para combater essa hipocrisia e sem-vergonhice”, porque, segundo ele, não “passo a mão em vagabundo”.

Porém, o presidente estadual do Republicanos, Euclydes Pettersen afirmou que nunca cobrou de Alex o apoio a Renato em Valadares. “O Alex manifestou apoio ao Coronel Sandro e eu apoio o Renato. Houve divergência, mas eu decidi manter (a pré-candidatura de Renato) e ele (Alex) ficou com a decisão dele. Nunca houve cobrança minha para ele mudar sua posição. Política não é casamento arranjado. Não adianta impor um candidato se o outro não quer”, disse o deputado federal.

Euclydes ainda argumentou que nunca isolou Alex dentro do Republicanos. “Tudo sempre foi conversado”, pontuou o presidente. “Ele é uma pessoa boa, gera empregos, é um empresário, um amigo e de família. Sabia de algumas insatisfações dele, mas coisas isoladas. Estamos sempre abertos a qualquer diálogo, mas me parece que ele já se decidiu”, acrescentou o deputado federal, que disse ter visto as críticas de Alex apenas por vídeos.

A renúncia de Alex é mais um capítulo da crise interna do Republicanos, que começou quando Euclydes sucedeu o deputado federal Gilberto Abramo na presidência do diretório estadual. A troca teria sido determinada pelo presidente nacional, Marcos Pereira, após o desempenho da legenda nas eleições de 2022. À época, a meta teria sido eleger três deputados federais, mas, além do próprio Abramo, apenas Lafayette Andrada foi eleito.

Além disso, a eleição de três deputados estaduais, Carlos Henrique, Charles Santos e Mauro Tramonte, não teria sido satisfatória. A expectativa internamente era de que Tramonte se aproximasse do desempenho de 2018, quando foi eleito com mais de 516 mil votos, o que ajudaria a aumentar a bancada do Republicanos na Assembleia Legislativa. No entanto, Tramonte perdeu mais de 405 mil votos entre 2018 e 2022, sendo reeleito com 110 mil.

A chegada de Euclydes, que não tem qualquer relação com a Igreja Universal do Reino de Deus, que controla o partido, teria causado um mal-estar com Abramo, que, por outro lado, sempre teve vínculos com a denominação. O novo presidente estadual até teria oferecido ao antecessor o controle do diretório municipal de Belo Horizonte – maior colégio eleitoral de Minas Gerais – para contornar uma eventual crise, o que não teria sido suficiente para evitar a disputa.

As divergências se tornaram públicas quando Abramo e o ex-deputado estadual Adalclever Lopes (PSD) articularam a filiação de Kalil ao Republicanos enquanto Euclydes negociava o apoio do governador Romeu Zema (Novo) e a indicação da ex-secretária Luísa Barreto (Novo) como pré-candidata a vice de Tramonte. O presidente estadual teria ficado sabendo da chegada do ex-prefeito ao partido apenas quando a informação vazou para a imprensa.

Como parte do acordo para atrair Kalil, teria sido prometido ao ex-prefeito de Belo Horizonte a presidência do diretório estadual do Republicanos, que é justamente de Euclydes, que tem pretensões de se candidatar ao Senado em 2026. O deputado federal assumiu o cargo na esteira da filiação ao partido, onde se acomodou após abandonar o PSC, incorporado pelo Podemos depois de não atingir a cláusula de barreira em 2022.

Euclydes voltou a negar qualquer racha no Republicanos. “Claro que tenho a minha ideia e a minha vontade, mas temos que trabalhar em coletivo, ainda mais em um Estado como Minas Gerais, em que temos mais de 500 comissões (provisórias). Por isso, delegamos a cada presidente municipal a gestão dos pré-candidatos e fica por conta dele a composição local. Pode ser que algumas pessoas tenham ficado chateadas, mas não houve mal-estar sobre o Kalil”, reiterou.

Abramo também foi questionado, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. No último sábado (3/8), após a convenção partidária do Republicanos, Abramo rechaçou ruídos internos no Republicanos. “Não existem. Tanto é verdade que os dois (Kalil e Zema) fizeram parte da mesma mesa. O nosso relacionamento é muito tranquilo, sempre pensando na construção. Não tem ruídos”, reforçou o presidente municipal do Republicanos.

Com informações do OTempo.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados.

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