Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará, nesta terça-feira (24/9), o tradicional discurso brasileiro na abertura da sessão de debates da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Ele já deu sinais sobre os focos de seu discurso, tocando em temas prioritários de sua atual gestão, como o combate à fome e à miséria, a transição energética e a reforma da governança mundial.
Desde 1955, é o presidente brasileiro de turno o responsável pela primeira fala entre os chefes de Estado, sendo seguido pelo presidente dos Estados Unidos, país onde se localiza a sede da ONU e que é sempre o anfitrião do encontro.
Neste ano de 2024, o discurso de Joe Biden não deverá receber tanta atenção, visto que o mandatário não disputa a reeleição. Além disso, o Brasil chega à ONU acumulando a Presidência do G20 e prestes a sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém (PA).
Ainda que não seja foco de atenção detalhada da comunidade internacional, as enchentes no Rio Grande do Sul no primeiro semestre e as queimadas pelo país neste segundo semestre também pressionam o governo brasileiro a fazer um discurso coerente com a agenda ambiental.
Combate à fome
O primeiro tópico vem sido trabalho por Lula e por seu ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, desde o último domingo (22/9), em reuniões com organismos internacionais.
Lula e Dias se preparam para o lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na reunião de chefes de Estado do G20, em novembro, no Rio de Janeiro, quando a presidência brasileira no Grupo dos Vinte será encerrada.
Transição energética
No tópico da transição energética, que dialoga com a agenda verde, Lula tem pedido aos líderes mundiais mais “ambição e ousadia” para manter o planeta seguro e cumprir metas e objetivos climáticos.
Lula deverá frisar que 90% da matriz energética brasileira é renovável, inclusive citando oportunidades de investimento verde no país.
Segundo o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Itamaraty, embaixador Carlos Márcio Cozendey, Lula deverá posicionar as tragédias climáticas no Brasil como consequência dos eventos climáticos extremos.
Cozendey adiantou que Lula deverá levar os casos para o cenário internacional e, frente a eles, pedir urgência dos demais líderes mundiais.
Reforma da governança mundial
Desde que chegou aos EUA, Lula tem criticado o poder das Nações Unidas e defendido uma reforma da governança mundial, que inclui, por exemplo, mudanças no Conselho de Segurança da ONU.
Já no domingo, Lula disse que “a Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado”. Ele também condenou o que chamou de “duplos padrões” e “omissões diante de atrocidades” por parte do Conselho de Segurança.
O petista é uma das vozes mundiais que advoga por mais representatividade dentro do órgão, com a inclusão de mais nações com poder de veto nas decisões. Hoje, o poder de veto é concedido apenas aos cinco membros permanentes: China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido.
“Ninguém mais respeita uma decisão da ONU. Então, os pobres não tem mais uma representação. E a ONU poderia ser essa referência, poderia conquistar essa credibilidade”, afirmou o presidente no evento da Fundação Gates.
Comitiva de Lula
Lula deverá ser acompanhado em seu discurso pelo chanceler Mauro Vieira e pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e pelas ministras do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva; da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; da Igualdade Racial, Anielle Franco; e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Com informações do Metrópoles.
Foto: Ricardo Stuckert/PR.