O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na segunda-feira (10) um decreto que incentiva consumidores e órgãos do governo a optarem por canudos de plástico, revertendo os esforços de seu antecessor para reduzir o uso de plásticos descartáveis e combater o desperdício.
“Estamos voltando aos canudos de plástico”, declarou Trump a repórteres na Casa Branca ao assinar a medida, criticando os canudos de papel, que, segundo ele, “não funcionam”.
Em tom irônico, o presidente minimizou os impactos ambientais do plástico nos oceanos. “Não acho que isso vá afetar muito um tubarão, já que ele está mastigando seu caminho pelo oceano”, afirmou.
Revogação de medidas ambientais
O governo de Joe Biden havia implementado políticas para reduzir o consumo de plásticos de uso único, argumentando que esses materiais não biodegradáveis prejudicam ecossistemas e contaminam cadeias alimentares. A administração democrata também apoiava um tratado global para limitar a produção de plástico.
Além do novo decreto, Trump revogou uma determinação de Biden que previa a eliminação dos plásticos descartáveis em terras federais até 2032. A medida faz parte de um conjunto mais amplo de flexibilizações ambientais adotadas por Trump, que, em um de seus primeiros atos no segundo mandato, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris pela segunda vez.
Crescimento da poluição plástica
A decisão de Trump ocorre em meio a um cenário global de crescente preocupação com a poluição plástica. Atualmente, dezenas de países já impõem restrições ao uso de plásticos descartáveis, como sacolas, garrafas e outros produtos.
Sem novos controles, a quantidade de resíduos plásticos descartados no meio ambiente pode saltar de 81 milhões de toneladas métricas em 2020 para 119 milhões de toneladas até 2040, segundo um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
EUA podem abandonar negociações globais sobre plástico
As negociações para um tratado internacional de controle da poluição plástica ficaram estagnadas no ano passado, devido à resistência de grandes produtores de plástico em aceitar restrições obrigatórias. As discussões devem ser retomadas este ano, mas especialistas avaliam que os Estados Unidos podem abandonar o diálogo.
“Com a postura favorável ao petróleo e ao gás do novo governo, é provável que os EUA se alinhem a países como Rússia e Arábia Saudita e se oponham à adoção de metas globais para reduzir a produção de plástico”, afirmou Aleksandar Rankovic, diretor da Common Initiative, um think tank ambiental.
Foto: flickr/Gage Skidmore.