Mostrando sinais claros de confusão, Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (7) que o Brasil teria feito um acordo com a China para a construção de armas nucleares e, com isso, teria solicitado a intervenção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação sobre um suposto pacto entre os governos brasileiro e chinês para a construção de bombas atômicas é, evidentemente, falsa.
Com medo da cadeia, Bolsonaro dá sinais de estar entrando em surto, afirma que o Brasil está fazendo parceria com a China pra CONSTRUÇÃO DE BOMBAS ATÔMICAS, diz que já avisou ao Donald Trump e pede intervenção estrangeira pra resolver o problema. pic.twitter.com/XIK3qC3i0M
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) March 8, 2025
Articulação golpista de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), praticamente residente nos Estados Unidos, já considera não retornar ao Brasil. Desde que Donald Trump reassumiu a presidência em janeiro, o deputado federal viajou três vezes para os EUA, onde tem permanecido para articular ataques ao governo brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O filho de Jair Bolsonaro tem se aliado a figuras da extrema direita americana para pressionar o governo dos EUA a adotar retaliações contra o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito sobre a tentativa de golpe, e até sancionar o Brasil.
O objetivo é claro: pressionar Moraes e o governo Lula com apoio norte-americano, tentando influenciar a investigação sobre o golpe. A meta final é evitar a prisão de Jair Bolsonaro e reabilitá-lo politicamente, preparando o caminho para um possível retorno ao poder. Eduardo também aposta na imposição de sanções contra o Brasil como forma de enfraquecer a gestão de Lula e pavimentar a volta de seu pai à presidência.
Diante dessas movimentações, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo a investigação de Eduardo e a apreensão de seu passaporte. O petista argumenta que as ações de Eduardo configuram crime de lesa-pátria e interferência nas investigações judiciais brasileiras.
Interferência nas relações Brasil-China
A conspiração de Eduardo Bolsonaro, no entanto, não se limita a ataques contra Moraes e o STF. O deputado também tem tentado minar as relações comerciais entre o Brasil e a China, favorecendo os interesses dos Estados Unidos. O estreitamento das parcerias sino-brasileiras representa uma ameaça à influência dos EUA no país, e Eduardo tem procurado bloquear acordos estratégicos entre os dois países.
Em uma entrevista a um canal de extrema direita nos Estados Unidos, nesta terça-feira (4), Eduardo Bolsonaro afirmou que a representação de Rogério Correia visa impedir sua ascensão à presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) da Câmara dos Deputados. A escolha do presidente da comissão será decidida na próxima semana, e parlamentares do governo estão se articulando para barrar sua nomeação.
Na mesma entrevista, Eduardo deixou claro que, caso assuma a Comissão de Relações Exteriores, seu objetivo será dificultar a aprovação dos acordos assinados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, da China. Sua estratégia é barrar esses acordos na comissão, enfraquecendo as relações com a China e beneficiando diretamente o governo Trump.
Ao compartilhar a entrevista em seu canal no Telegram, Eduardo detalhou sua intenção: “Entre os 37 acordos assinados por Lula com Xi Jinping no G20, que precisam ser aprovados pela Comissão, estão temas sensíveis como tecnologia nuclear, fornecimento de urânio, telecomunicações, controle digital e mídia. Seria coincidência que agora tentam me impedir de presidir a comissão que analisará esses acordos e pode barrá-los caso haja obstáculos ao interesse nacional? O que está em jogo não é apenas meu passaporte, mas a própria soberania do Brasil”, escreveu o deputado.
Longe de qualquer preocupação com a soberania nacional, Eduardo Bolsonaro revela abertamente seu compromisso com os interesses dos Estados Unidos, mesmo que isso signifique prejudicar o Brasil.
Foto: Divulgação.