Home Política Bolsonaro aproveita ato por anistia para enviar mensagens sobre possível prisão e afirma que deixará novas lideranças na direita

Bolsonaro aproveita ato por anistia para enviar mensagens sobre possível prisão e afirma que deixará novas lideranças na direita Ex-presidente reafirma seu nome para a eleição de 2026, apesar da inelegibilidade, e descarta a possibilidade de deixar o Brasil.

17 de março de 2025, 13h20 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou sua intenção de se manter como nome para a disputa presidencial de 2026, negou a possibilidade de deixar o Brasil e destacou que há diversas lideranças aptas a substituí-lo. Seu discurso, repleto de mensagens sobre o futuro político, ocorreu durante um ato no Rio de Janeiro, onde também reforçou a defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro — medida que, futuramente, poderia beneficiá-lo. Ele ainda declarou que continuará sendo um desafio para seus adversários, “vivo ou morto”.

A manifestação aconteceu em um momento em que avança rapidamente a denúncia contra Bolsonaro e outras 33 pessoas, acusadas de envolvimento em uma tentativa de golpe em 2022. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começará a avaliar a denúncia da Procuradoria-Geral da República no dia 25 deste mês, decidindo se os acusados se tornarão réus. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi um dos principais alvos das críticas dos manifestantes.

Mesmo sob o forte calor de Copacabana, o ato ficou longe da expectativa de 1 milhão de participantes anunciada por Bolsonaro. Segundo levantamento do Datafolha, cerca de 30 mil pessoas estavam presentes no momento em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), discursava ao lado do ex-presidente. Em um dos prédios próximos ao evento, uma faixa nas janelas exibia a mensagem “sem anistia”.

Além de Tarcísio, outros governadores compareceram, incluindo Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União Brasil-MT) e Jorginho Mello (PL-SC). Vestindo uma camisa azul da seleção brasileira, Tarcísio criticou a gestão do presidente Lula e os preços elevados dos alimentos e combustíveis.

“Ninguém aguenta mais arroz e gasolina caros, nem mesmo o ovo. Prometeram picanha, mas nem ovo tem”, afirmou o governador paulista, seguido pelo coro “volta Bolsonaro” da multidão.

Ele também questionou as condenações relacionadas ao 8 de janeiro, citando a cabeleireira Débora Santos, presa após pichar com batom uma estátua em frente ao STF.

“O que fizeram? Usaram batom? Enquanto isso, traficantes continuam soltos e aqueles que assaltaram a Petrobras estão de volta à cena política”, ironizou.

Tarcísio ainda insinuou que a inelegibilidade de Bolsonaro pode ter motivações políticas. “Qual o motivo para afastar Bolsonaro das urnas? Será que é medo de perder a eleição?”, provocou.

Nos bastidores, aliados afirmam que Tarcísio aceita disputar a presidência caso Bolsonaro peça, mas pretende manter sua fidelidade ao ex-presidente até o fim.

Por enquanto, Bolsonaro insiste na própria candidatura, apesar das condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornaram inelegível. Ele foi punido por atacar as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores e por explorar politicamente o 7 de Setembro.

Durante seu discurso, o ex-presidente sugeriu duas estratégias para reverter sua inelegibilidade. A primeira está no próprio TSE, que, em 2026, será presidido por Kassio Nunes Marques, ministro indicado por Bolsonaro. Ele declarou que a eleição daquele ano será conduzida de forma “imparcial”.

A segunda aposta do bolsonarismo é a aprovação da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, o que poderia abrir caminho para um eventual perdão judicial ao ex-presidente. Bolsonaro afirmou contar com o apoio do presidente do PSD, Gilberto Kassab, para aprovar a medida. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL) garantiu que solicitará urgência na tramitação do projeto.

Apesar de reafirmar seu nome para 2026, Bolsonaro disse não ser obcecado pelo poder e enfatizou que já existem lideranças capazes de assumir seu legado.

“Meu tempo vai acabar um dia, mas estamos deixando muitas pessoas preparadas para me substituir. O outro lado não tem nenhuma liderança”, afirmou. “Se algo acontecer comigo, continuem lutando”, pediu aos apoiadores.

Mesmo sugerindo possíveis sucessores, Bolsonaro declarou que “eleições sem Bolsonaro significam negar a democracia no Brasil” e pediu aos seus seguidores que garantam maioria no Congresso nas próximas eleições. “Com 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, afirmou.

O ex-presidente aproveitou o discurso para atacar o governo Lula e comparar sua gestão com a atual.

“Se tirarmos do PT essa falsa defesa da democracia, o partido simplesmente deixa de existir. Eles não têm nada a oferecer, nem mesmo comida para os mais pobres”, declarou.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou o discurso contra o ministro Alexandre de Moraes, enquanto o pastor Silas Malafaia, organizador do evento, fez duras críticas ao magistrado, chamando-o de “criminoso e ditador”.

Ao encerrar o ato, Malafaia defendeu um caminho de “paz e conciliação”, alertando que a prisão de Bolsonaro não seria positiva para ninguém. “Quero fazer um apelo ao STF, aos deputados e senadores. O Brasil é um país pacífico. Isso não levará a lugar nenhum. O que acontecerá se Bolsonaro for preso?”, questionou.

Foto: Reprodução.

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