Home Economia Bolsa cai 12%, e dólar fecha em R$ 4,72 em dia de pânico global

Bolsa cai 12%, e dólar fecha em R$ 4,72 em dia de pânico global Disputa por preço de petróleo e avanço do coronavírus impactou mercados em todo o mundo.

9 de março de 2020, 21h11 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Em um dia de pânico no mercado financeiro global, o dólar aproximou-se de R$ 4,80, mesmo com o Banco Central (BC) vendendo a moeda das reservas internacionais. A bolsa de valores brasileira, a B3, caiu 12%, chegando a ter os negócios interrompidos durante a manhã desta segunda-feira (9).

O índice Ibovespa fechou o dia com recuo de 12,17%, aos 86.067 pontos, retornando aos níveis de dezembro de 2018. Essa foi a maior queda para um único dia desde setembro de 1998, quando a Rússia declarou moratória. O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (9) vendido a R$ 4,726, com alta de 1,97%, R$ 0,091, no maior valor nominal desde a criação do real.

Circuit breaker

Pela manhã, a B3 chegou a ter as negociações interrompidas por 30 minutos porque o Ibovespa tinha caído mais de 10%. Esse é o chamado circuit breaker, mecanismo acionado quando o índice cai mais que determinado nível.

A última vez em que a bolsa tinha tido as negociações interrompidas foi em maio de 2017, após a divulgação de conversas do então presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS.

Petróleo

Os mercados de todo o planeta, que nas últimas semanas têm atravessado momentos de instabilidade por causa dos receios de uma recessão global provocada pelo coronavírus, enfrentaram um dia de pânico com a disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno do petróleo.

Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo depois que o governo de Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o mundo.

O aumento de produção num cenário de queda mundial de demanda por causa do coronavírus fez a cotação do barril de petróleo iniciar o dia com queda de mais de 30%. Por volta das 18h, o barril do tipo Brent era vendido a US$ 33,41, com queda de 26,2%. Essa foi a maior queda no preço internacional para um dia desde a Guerra do Golfo, em janeiro de 1991.

Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) da companhia fecharam o dia com queda de 29,68%. Os papéis preferenciais (que dão preferência na distribuição de dividendos) caíram 29,7%. Segundo a própria Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril está acima de US$ 45.

Ação do BC

O Banco Central vendeu US$ 3,465 bilhões em moeda spot. É o maior volume a ser liquidado em um mesmo dia desde pelo menos 11 de maio de 2009.

Foram dois leilões de dólares à vista, o primeiro no montante de US$ 3 bilhões – valor já elevado em relação à oferta inicialmente informada na sexta-feira à noite de US$ 1 bilhão.

À tarde, à medida que os mercados externos voltaram a piorar o sinal, o BC anunciou outro leilão de dólar físico, sem se comprometer com lote máximo. No fim, vendeu mais US$ 465 milhões.

“Este movimento turbulento, influenciado principalmente pelo avanço do coronavírus, tende a regredir com o tempo e com a chegada da primavera no hemisfério norte, alcançando uma cotação em um patamar mais aceitável, em torno de R$ 4,10 — tendo como base os fundamentos da nossa economia, aliados a uma previsão de crescimento menor do que o esperado”, afirmou o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
Em São Paulo, mais cedo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que, desde o início das preocupações com o avanço do coronavírus, o real mostrou tendência de alta acelerada, semelhante a períodos de crise aguda e que, por isso, a instituição “diagnosticou as condições necessárias para atuação”.

Consequências

A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências para a economia brasileira. Caso os preços baixos se mantenham, a companhia repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um lado, a queda beneficia os consumidores; por outro, prejudica o setor de etanol, que perde competitividade.

Os preços mais baixos diminuem a arrecadação de royalties do petróleo e a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, num momento em que diversos estados atravessam dificuldades financeiras.

Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Com informações do G1 e Agência Brasil

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