Home Governo Após entrevista de Regina Duarte, menção de #CNNLixo coloca emissora no Trending Topics do Twitter

Após entrevista de Regina Duarte, menção de #CNNLixo coloca emissora no Trending Topics do Twitter #CNNLixo marca o fim do favoritismo do bolsonarismo com o canal de notícias.

8 de maio de 2020, 19h11 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

A entrevista com a atriz e atual secretária de Cultura Regina Duarte ainda está rendendo muito assunto no Twitter, chegando a colocar a hashtag “#CNNLixo” nos Trending Topics da plataforma nesta quinta e sexta-feira (8).

Tudo começou com a polêmica entrevista à CNN Brasil da Secretária Especial da Cultura, Regina Duarte. A titular da pasta da Cultura surpreendeu o jornalista e entrevistador Daniel Adjuto, ao relativizar às mortes no período da Ditadura Militar. O jornalista então questionou a entrevistada, dizendo que aquele um período muito difícil, onde pessoas foram mortas e torturadas. Logo depois, rindo, Regina argumento que “na humanidade, não para de morrer. Se você fala ‘vida’, do lado tem morte. Sempre houve tortura. Stalin, Hitler, quantas mortes… não quero arrastar um cemitério de mortes nas minhas costas”.

Publicado no site UOL, o colunista Mauricio Stycer explica que na construção de sua imagem, a CNN Brasil ainda luta contra a percepção de que é um canal “chapa branca”, a favor do governo Bolsonaro. Vários são os elementos que levaram a essa percepção, a começar por elogios públicos do próprio presidente, os afagos do principal sócio, Rubens Menin, à família Bolsonaro e o bom trânsito de Douglas Tavolaro, CEO do canal, no Planalto.

O repórter Fábio Victor esmiúça esta intrincada relação entre a CNN e o governo em longa reportagem da edição de maio da revista “Piauí” e mostra que os interesses vão além do canal brasileiro de notícias.

A reportagem lembra que Bolsonaro é simpático a uma mudança na legislação que seria favorável aos interesses da AT&T, dona da CNN americana. A lei brasileira proíbe que empresas de telecomunicação e empresas de produção de conteúdo tenham mais de 30% do capital uma da outra, o que ainda é um entrave à consolidação da fusão da AT&T com a Time Warner no país. Realizado em 2016, o negócio ainda não foi aprovado em todas as instâncias no Brasil.

Escreve Fabio Victor: “Em parte graças ao lobby da família do presidente, a fusão já foi aprovada em duas instâncias de controle e regulação (Cade e Anatel), mas ainda depende de uma terceira aprovação (Ancine) e, finalmente, da alteração da lei pelo Congresso Nacional. Se Bolsonaro conseguir de fato mudar a lei, será um benefício inesquecível para a AT&T e a WarnerMedia – e, por extensão, à CNN de lá e daqui”.

Ele reforça ainda que por tudo isso, ainda é difícil avaliar os impactos da péssima repercussão nos ambientes governistas da entrevista de Regina Duarte à CNN Brasil. Na manhã desta sexta-feira (08), no Twitter, a hashtag #CNNLixo chegou ao primeiro lugar nos assuntos mais comentados. Trata-se de uma adaptação da hashtag favorita dos bolsonaristas, #GloboLixo, dedicada a expressar ódio contra a emissora carioca.

O que incomodou os governistas foi a inclusão, sem aviso prévio à entrevistada, de um depoimento da atriz Maitê Proença com críticas ao trabalho de Regina Duarte. E também provocou reclamações, na sequência, a postura adotada pelos apresentadores Reinaldo Gottino e Daniela Lima diante dos protestos da secretária.

Regina achou que o depoimento de Maitê era antigo (não era) e disse: “Vocês estão desenterrando mortos”. Daniela Lima respondeu: “O país perdeu 615 pessoas por covid-19 (…) Não estamos desenterrando mortos, estamos enterrando mortos, dentre eles alguns de seus colegas”.

A confusão acabou deixando em segundo plano o vídeo de Maitê, propriamente, que é horrível. Buscando dar dramaticidade à mensagem, a atriz parece estar em cena, num monólogo que lembra melodrama de Walcyr Carrasco. Muito canastrona.

Por um lado, a hashtag #CNNLixo é positiva para atenuar a imagem governista do canal. Reforça o discurso da própria CNN Brasil de que é independente e busca promover debates pluralistas. E eleva a autoestima dos profissionais que trabalham no canal pressionados por esta imagem de que ele é “chapa branca”.

Por outro lado, a repercussão causou tensão interna. Poucos minutos após a interrupção da entrevista, o canal divulgou uma nota relatando o ocorrido e afirmando que o depoimento de Maitê foi “solicitado pela emissora no início da tarde de hoje, para debater as questões do setor cultural no Brasil”. E acrescentou: “A CNN lamenta o episódio e reafirma seu compromisso de sempre ouvir todos os lados para informar melhor o país”.

Fonte e créditos às informações do colunista Mauricio Stycer, do UOL.
Foto: CNN/Reprodução

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