O presidente da República, Jair Bolsonaro, realizou trocas na equipe responsável por sua segurança e de sua família pelo menos 1 mês antes da reunião ministerial de 22 de abril. É o que mostra decreto do Diário Oficial da União de 26 de março de 2020. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
O fato contradiz afirmação de Bolsonaro sobre trecho inserido pela AGU em petição ao STF. Na reunião, o presidente disse que estava tendo dificuldades em realizar mudanças na “gente da segurança nossa do Rio”, assim como da “ponta da linha que pertence à estrutura”. Porém, a Advocacia Geral da União declarou que Bolsonaro se referia à trocas relacionadas à sua segurança –o que cabe ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Disse ainda que o presidente não mencionou ou se referiu a “superintendente”, “diretor-geral” ou “Polícia Federal”.
Bolsonaro promoveu o general André Laranja Sá Corrêa 28 dias antes da reunião. Era responsável pela direção do Departamento de Segurança Presidencial, que integra a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI. Tornou-se comandante da 8ª brigada de infantaria motorizada do Exército, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. O cargo já foi ocupado pelo hoje ministro general Ramos (Secretaria de Governo). O nº 2, coronel Gustavo Suarez, assumiu o cargo.
Ainda no decreto, o artigo 7 diz que promoções são realizadas por escolha do presidente da República, “com base na lei, a escolha do oficial, dentre os mais credenciados para o desempenho dos altos cargos de comando, chefia ou direção”.
Além disso, fez alterações na chefia do escritório do GSI menos de 2 meses antes do encontro ministerial. Substituiu o coronel Luiz Fernando da Rocha Cerqueira por tenente coronel Rodrigo Garcia Otto no escritório responsável pela segurança do presidente no Rio de Janeiro. Funciona como uma extensão do setor que cuida da segurança de Bolsonaro no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
PLANALTO SE PRONUNCIA
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) enviou nota à TV Globo. Disse que a reportagem foi mal elaborada e é “maldosa” contra o presidente. Declarou que o coronel Sá Corrêa foi promovido por “méritos” e que Bolsonaro não participa das reuniões onde são tomadas decisões sobre promoções de oficiais generais. Mas que avalia as promoções decididas pelo Ministério da Defesa e, então, assina os decretos de promoção. Ainda segundo o texto, o coronel Suarez, nº 2 do Departamento, assumiu a chefia pois era “o mais antigo” depois de Sá Corrêa.
O ministro Augusto Heleno (Segurança Institucional) também defende que, na reunião de 22 de abril, Bolsonaro apenas “citou como exemplo” a vontade de realizar uma troca na equipe de sua segurança pessoal, “e que, caso houvesse qualquer oposição a essa troca, na ponta da linha, ele poderia chegar até a demitir o ministro para que sua decisão fosse cumprida”. Por fim, Heleno diz que o presidente não disse respeito à “nenhum caso real que houvesse ocorrido”.
Fonte: Poder360
Foto: Sérgio Lima/Poder360