Em entrevista exclusiva à Veja, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou nem saber o que foi o AI-5, Ato Institucional número 5, o mais duro golpe do regime militar, que que suspendeu as garantias constitucionais e resultou na institucionalização da tortura como instrumento pelo Estado.
“Nasci em 1963, não sei nem o que é AI-5, nunca nem estudei para descobrir o que é”, disse Pazuello. A afirmação veio após a repórter Marcela Mattos questioná-lo se ele via alguma ameaça à democracia no Brasil.
Ele ainda disse que o fato de manifestantes em favor de Jair Bolsonaro sairem às ruas pedindo intervenção militar é exemplo de que a democracia está em sua plenitude.
O general, que está há dois meses no comando do Ministério da Saúde, também defendeu a atuação de Bolsonaro perante à pandemia. “Talvez não seja tão negativo ter uma pessoa dizendo que não precisa ter esse temor todo. Dá um pouco de esperança de que a vida pode ser normal,” afirmou.
A declaração do ministro interino sobre o AI-5 logo começou a repercutir nas redes sociais. Veja o que publicaram alguns internautas e jornalistas:
Belo trabalho da @Veja. Quanto ao Pazuello dizer que nem sabe o que é AI-5 porque nasceu em 1963 é de doer. “Nunca nem estudei”, admite. Pior é ele falar que a história julgará o AI-5. Já julgou general, e condenou aquele excrescência. https://t.co/KUK18NTxnI
— Míriam Leitão (@miriamleitao) July 17, 2020
Pois deveria estudar pra saber. https://t.co/XWicac4gWG
— Júlia Arraes (@juliarraes) July 18, 2020
'Nasci em 1963, não sei nem o que é AI-5', diz general Pazuello, ministro interino da Saúde. De Jesus já ouviu falar? E dos dinossauros? Procure no dicionário: genocida. https://t.co/tSyjJE5tjc
— Michel Melamed (@michelmelamed) July 18, 2020
Eduardo Pazuello, o general à frente do Ministério da Saúde, disse hoje que não sabe o que foi o AI 5. Curioso um militar que compõe um governo que tem saudades da ditadura não saber sobre um dos piores períodos da nossa história. Uma mentira que não cola pra ninguém!
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) July 17, 2020
Percebam que a pergunta da @Veja não foi sobre o AI-5, mas sobre a democracia. E o ministro responde dizendo que não sabe nem o que é AI-5.
Ou seja: Ele sabe. https://t.co/xsnzQqrPMu
— Filipe Domingues 🇧🇷 (@filipedomingues) July 18, 2020
Pazuello responde Gilmar Mendes
Chefe interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello também disse em entrevista à revista Veja que conversou com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O tema da conversa foi a declaração de que “o Exército está se associando a 1 genocídio”. A crítica foi feita por causa do alto número de mortes decorrente da pandemia da covil-19.
Pazuello afirmou não ter se incomodado com a fala do ministro do STF. Mas classificou a declaração de Gilmar como “mal colocada” e fruto de “informações truncadas”. “Quem são os genocidas? Os 5.000 funcionários do ministério? Os dezoito oficiais que eu trouxe para trabalhar comigo?”, questionou o general.
“Se ele entender que tem de conhecer o ministério, verificar o trabalho que estamos fazendo e assim mesmo achar que é um genocídio, é direito dele. Mas faço questão de mostrar tudo. Ele vai ver, inclusive, que não existe militarização do ministério”, complementou o ministro.
Terceiro titular da Saúde durante a pandemia, Pazuello rebateu as críticas de inoperância do governo federal na crise. Questionado se o presidente Jair Bolsonaro era um mau exemplo na pandemia, respondeu que a situação deve ser analisada por outro ângulo.
“Talvez não seja tão negativo ter uma pessoa dizendo que não precisa ter esse temor todo. Dá um pouco de esperança de que a vida pode ser normal, de que dá para manter alguma atividade econômica, para as pessoas não morrerem em casa, com medo”.
Com informações do Catraca Livre, Poder 360 e Veja.
Foto: Anderson Riedel/PR.