Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
A cada dia que passa complica a situação do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, envolvido com alguns pastores da Igreja Assembleia de Deus presos na semana passada a pedido da Polícia Federal. Hoje fica-se sabendo que a filha e o genro do pastor Ailton Moura, um dos líderes evangélicos presos por envolvimento no escândalo do MEC, receberam juntos R$ 8 mil de auxílio emergencial do governo Jair Bolsonaro.
Victória, para quem não sabe, é a mesma filha do pastor que, em fevereiro deste ano, recebeu sozinha R$ 3.900 e comprou um carro da esposa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por R$ 60 mil.
Também preso no que se convencionou chamar de “escândalo do MEC”, o marido de Victória, por sua vez, recebeu R$ 4.150 de auxílio emergencial dividido em nove parcelas. Mas a suposta irregularidade não termina nesse casal. A mulher e uma filha do pastor Gilmar Santos, outro religioso preso pela Polícia Federal, cujo delegado que investigava o caso o classificou de “estranho”, também teriam recebido o auxílio-emergencial. Ou seja, a cada dia aparecem mais estripulias do rolo que envolve os pastores, mas neste fim de semana o presidente Jair Bolsonaro tentou inverter o foco das investigações ao dizer que quem pediu a investigação foi o ex-ministro, por meio da CGU e acrescentou: “o Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha indícios mínimos de corrupção por parte dele. No meu entender, ele foi preso injustamente”.
Em suma, o presidente da República insiste que o seu ex-ministro foi preso “injustamente”, mas em nenhum momento toca na ação dos pastores atuando dentro da igreja evangélica. Para o presidente, toda essa confusão tem o objetivo de desgastar o governo. E insiste que “tudo isso tem o objetivo de constranger, humilhar, é dizer que o governo é corrupto, que é igual ao de Lula”. O presidente, contudo, não fala na gestão do seu ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles, exonerado quando havia uma investigação sobre sua atuação junto aos madeireiros. Nem toca no caso do ex-ministro do Turismo, Álvaro Antônio, acusado de integrar grupo que supostamente desviou verbas no caso conhecido como “laranjas do PSL”.
Na mesma toada, a ministra Carmen Lúcia, do STF, encaminhou um pedido à Procuradoria Geral da República sobre um pedido de investigação ao presidente Jair Bolsonaro por sua suposta participação no esquema de corrupção do MEC. Tanto o ex-ministro Milton Ribeiro como os pastores envolvidos no caso seguem investigados no Supremo Tribunal Federal, daí o encaminhamento à PGR se vai investigar ou não o presidente da República.
Mudando ligeiramente a rota, o presidente Jair Bolsonaro disse no domingo à noite que está propenso a indicar o general Braga Netto na sua chapa para a presidência da República. Para isso, o general Braga Netto deve deixar o cargo que ocupa na assessoria do presidente da República e viajar para o Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde se localiza o segundo maior colégio eleitoral do país, depois de São Paulo, enquanto o Rio de Janeiro fica em terceiro lugar. Foi, aliás, nesses dois colégios de eleitorado conservador que Bolsonaro praticamente consolidou a sua vitória, em 2018. O general, ex-ministro da Defesa, é de Minas Gerais e a ideia é que finque o seu bivaque nessas duas regiões, enquanto Bolsonaro mantém seu calendário de viagens no Nordeste, onde perde feio para o ex-presidente Lula. As pesquisas, aliás, mostram que a população de maior poder aquisitivo vota em Bolsonaro, enquanto os mais pobres votariam em Lula. Por fim, restam os gritos da cantora Elba Ramalho que numa festa em Salvador, ontem, tentou interromper seu show para pedir que parassem de gritar “fora Bolsonaro”.
Foto: Luis Fortes/MEC