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A demissão do secretário de Cultura e quem sabe a nova titular já nesta segunda-feira Comentário de Carlos Lindenberg

19 de janeiro de 2020, 01h16 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Rei morto, rei posto.

Com a demissão do secretário de Cultura, Roberto Alvim,  por Bolsonaro após forte pressão da comunidade judaica, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, além do ministro Dias Toffoli,  após a inaceitável gravação em vídeo do então secretário fazendo alusões a Goebbels, tido como o criador de Hitler, na verdade seu ministro da Propaganda, com música de Wagner ao fundo, num episódio que expôs não apenas a faceta direitista do atual governo como manchou a forma como age e atua o governo Bolsonaro – sem nenhuma ação programada para a Cultura, que deixou de ser ministério para se transformar numa secretaria que andou de léu em léu até acabar no Ministério da Educação.

O governo agora assedia a atriz Regina Duarte, que pede mais tempo para uma resposta, não sem antes exigir uma conversa “olho no olho” com o presidente, já marcada para segunda-feira.

Reconhecida como de direita, eleitora e defensora de Bolsonaro, Regina quer saber os limites de sua atuação, quais os planos de Bolsonaro para a secretaria da Cultura, os recursos de que dispõe, enfim, aquilo que se chama mesmo de conversa olho no olho.

A favor de Regina Duarte, há o depoimento de Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano Veloso, que a reconhece como de direita, mas que não é nazista, como seu antecessor – que aliás há pouco tempo gravou um vídeo, com Bolsonaro e o ministro Abraham Weintraub ao lado-  para dizer num discurso que a cultura deve ser feita para a maioria e não para a minoria, uma coisa sem pé nem cabeça, de forma que a partir de segunda-feira é possível que a secretaria de Cultura tenha um novo titular, no caso, a atriz Regina Duarte.

A demissão de Roberto Alvim faz parte de um processo em que o governo Bolsonaro não faz a menor questão de mostrar que veio para destruir o que tem sido feito nesses últimos 20 anos, tanto na Cultura como na Economia, na Política, enfim, na vida social dos brasileiros.

A reforma da Previdência foi a maior demonstração desse esforço do novo governo, que também não faz questão de negar que é de direita, de tal forma que age exatamente como anunciou durante a campanha, com algumas exceções, como por exemplo dizia que não faria a reforma da Previdência nos termos em que era então propalada.

Mas acabou fazendo  – e com privilégios para os militares. A expectativa agora é do que virá daqui por diante.

Há propostas de reforma tributária no Congresso, de reforma política, de reforma administrativa, enfim, parece que o país entrou de fato na fase das reformas.

Sem maioria na Câmara e no Senado, o governo tenta negociar ponto a ponto, projeto por projeto, não sendo estanha, nesse caso, a fala da deputada Carlos Zambelli, que nesta semana, em áudio que foi dado a público, dizer para um prefeito do interior paulista que só conseguiu mandar uma determinada verba para o seu município porque votou a favor da reforma da Previdência.

De qualquer forma, entramos nesse 2020 na fase das reformas, um ano, contudo, do qual não se deve esperar muita coisa em função das eleições municipais, com a maioria dos deputados e senadores mais preocupados com os pleitos municipais do que com as reformas já que é no interior do Estado, nos municípios, que os deputados e senadores de certa forma definem os seus futuros na política.

Mas que venha, pois, 2020 com reforma, sem reforma mas com eleição que é o principal instrumento para o aprimoramento da democracia.

Foto: Alex Silva/Estadão

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