Por Itatiaia
Em conversa gravada, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, diz priorizar prefeituras que tiveram os pedidos de liberação de verbas negociados por dois pastores que não têm cargo e atuam informalmente no MEC. Os áudios foram obtidos pelo jornal Folha de São Paulo e, neles, Milton Ribeiro afirma que a prioridade atende a uma solicitação do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os pastores Gilmar Silva Santos e Arilton Moura formam uma espécie de gabinete paralelo no MEC e participam de agendas fechadas para definição de ações, entre elas a destinação de recursos.
Com trânsito livre no MEC, os pastores – ligados à Assembleia de Deus – viajam em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) e se reúnem com prefeitos e empresários.
Na conversa vazada, Milton Ribeiro ainda indica haver uma espécie de contrapartida à liberação das verbas – o apoio à construção de igrejas, sem dar mais detalhes. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, diz Ribeiro. Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar”, ressalta.
O áudio foi gravado em uma reunião no MEC, com a presença de prefeitos e dos dois religiosos, que – em um dos casos – obtiveram a liberação de R$ 200 mil para a construção de uma escola em 16 dias. — O pagamento foi feito por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)e beneficiou a cidade de Bom Lugar, no Maranhão.
Nos últimos 15 meses, Gilmar e Arilton estiveram presentes em pelo menos 22 agendas oficiais do MEC, algumas descritas como “reunião de alinhamento político”.
Milton Ribeiro ainda não se manifestou sobre o assunto.
Foto: Alan Santos/PR