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Combate à fome, paz na Ucrânia e pacto pelo clima: o que se espera de Lula na ONU

19 de setembro de 2023, 09h07 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por DCM

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizer seu discurso para inaugurar a Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira, às 10h, uma de seus principais objetivos será reposicionar o Brasil como um ator de destaque na política internacional. Além disso, ele pretende virar a página após quatro anos de discursos que foram amplamente recebidos com surpresa e desdém. Com informações de Jami Chade.

Durante seu pronunciamento, o presidente brasileiro utilizará a ONU para fazer exigências enfáticas aos países desenvolvidos. Ele denunciará a desigualdade estrutural como um fator central nas crises que atualmente afligem o planeta, contribuindo para a desconfiança entre os governos. As principais reivindicações do Brasil incluem:

  1. Transição energética e Acordo do Clima de Paris: O Brasil pedirá que as economias ricas assumam suas responsabilidades na ajuda aos países emergentes para realizar sua transição energética e cumpram suas promessas no Acordo do Clima de Paris.
  2. Reforma da ONU: O país também solicitará uma reforma da ONU para garantir uma nova realidade política no mundo e abrir espaço para a voz dos países emergentes.
  3. Combate à fome e pobreza extrema: Lula buscará recursos dos países mais ricos para erradicar a fome e a pobreza extrema até 2030.
  4. Dívida dos países africanos: Uma versão preliminar do discurso denunciava a situação da dívida dos países africanos, considerada impagável, sugerindo uma reformulação da governança global de maneira implícita.

Polêmicas e desafios na nova diplomacia

Lula pretende posicionar-se como o legítimo representante dos países em desenvolvimento, mesmo sem a presença dos líderes da China e da Índia na Assembleia Geral. No entanto, algumas de suas declarações polêmicas, como questionar o Tribunal Penal Internacional ou sugerir a cedência de parte do território da Ucrânia, têm enfrentado resistência de grupos que não estão dispostos a ceder espaço nos bastidores da diplomacia.

De acordo com fontes do UOL no Palácio do Planalto e no Itamaraty, o discurso de Lula será fundamental para definir as prioridades e direções da diplomacia brasileira nos próximos anos, representando uma mudança significativa em relação à abordagem do governo anterior.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ação concreta para reposicionar o Brasil

A mensagem de Lula na ONU não se limita ao discurso; o governo brasileiro está agindo de maneira coordenada. A ordem do Palácio do Planalto é que cada ministério se envolva em seus respectivos setores para recolocar o Brasil no centro do debate internacional, abordando questões financeiras, de saúde, de paz e comerciais. Nesta semana, um total de 13 ministros está em Nova York para apoiar essa iniciativa.

Durante o mandato de Jair Bolsonaro, o Brasil usou a Assembleia Geral da ONU principalmente para se dirigir ao público doméstico, com retórica anti-socialista e anti-globalista. Lula pretende mudar essa abordagem e se posicionar como um líder global comprometido com questões essenciais para a comunidade internacional.

Lula busca marcar retorno do Brasil às negociações globais

Lula, agora em seu terceiro mandato como presidente, pretende marcar seu retorno à ONU com um discurso e uma estratégia nos bastidores que representem o Brasil como um protagonista nas discussões dos grandes temas mundiais. Suas principais áreas de foco incluem:

  1. Combate à desigualdade e à fome: Lula enfatizará a importância de lidar com questões cruciais, como a desigualdade e a fome, para superar as crises internacionais. Ele destacará o ressurgimento da fome e a concentração de renda como desafios urgentes.
  2. Ucrânia e paz: O presidente condenará a agressão a estados soberanos e pedirá uma revisão das atitudes do Ocidente em relação ao conflito na Ucrânia. Ele também destacará a necessidade de focar em outras crises emergenciais ao redor do mundo.
  3. Compromissos climáticos e apoio financeiro: O governo brasileiro abandonará os compromissos climáticos do governo anterior e pedirá que os países ricos cumpram sua promessa de fornecer US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países emergentes na transição energética.
  4. Reforma da ONU e voz dos emergentes: Lula defenderá uma reforma da ONU que permita que os países emergentes tenham uma voz mais forte e influente nas decisões globais. O Brasil se candidatará a um assento no Conselho de Segurança da ONU como parte desse esforço.
  5. Democracia e estado de direito: O discurso enfatizará as ameaças às democracias e destacará como o Brasil consolidou o estado de direito ao evitar um golpe de estado e processar os responsáveis pelo 8 de janeiro.

O presidente Lula está determinado a utilizar sua fala na ONU para promover mudanças significativas na ordem internacional e garantir que os países emergentes tenham um papel mais influente nas decisões globais. Seu discurso representa o ápice da formulação da nova política externa brasileira e destaca a necessidade de um redesenho na ordem internacional.

Foto: Reprodução/Instagram

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