Por CNN
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quarta-feira (3) a escolha do nome do general Marcos Antonio Amaro dos Santos para ser o novo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele ocupa a pasta no lugar do também general Gonçalves Dias, que pediu demissão após a CNN divulgar com exclusividade imagens das câmeras de segurança dos atos de 8 de janeiro.
O nome do general Amaro é bem avaliado entre militares da ativa e da reserva ouvidos pela CNN. A informação foi confirmada por um ministro do governo e por fontes que participaram do convite.
Pela manhã, Lula se reuniu com general Amaro e José Múcio Monteiro Filho, ministro da Defesa. O encontro aconteceu no Palácio do Planalto e foi o segundo entre Lula e o futuro ministro.
A escolha do general para comandar a pasta representa uma derrota para uma ala de ministros e auxiliares do presidente que pregam uma desmilitarização do governo e um maior protagonismo de policiais federais e agentes de segurança pública.
Integram essa ala, entre outros, o ministro Flávio Dino (PSB-MA), da Justiça e Segurança Pública, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e a primeira-dama Rosângela Lula Silva, a Janja.
Lula se reuniu pela primeira vez com o general antes de embarcar para sua primeira viagem para a Europa há duas semanas. Naquele encontro, que durou cerca de dez minutos, o presidente apresentou a ele sua visão sobre a pasta.
Integrantes das Forças Armadas classificam o general como sendo um homem calmo, ponderado e conciliador e acreditam que, por conta de seu perfil, pode ser a escolha ideal para o atual momento de reestruturação do GSI.
A saída do general Gonçalves Dias do GSI, após a revelação pela CNN de vídeos mostrando sua atuação no dia 8 de janeiro, reacendeu no governo a discussão em torno do futuro da pasta, que foi esvaziada desde o início do ano.
O GSI perdeu duas de suas principais atribuições nos últimos meses. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada à pasta, passou a responder à Casa Civil, chefiada pelo ministro Rui Costa.
Já a segurança do presidente e do vice-presidente deixou de ser feita exclusivamente por militares e passou a ser realizada majoritariamente por policiais federais subordinados à Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República.
A estrutura do GSI sob o comando do general Amaro ainda é incerta. O novo ministro terá de buscar o consenso entre a ala que defende um fortalecimento da presença de policiais federais e agentes de outras forças de segurança na proteção presidencial em detrimento de quem defende a permanência de militares no governo.
Um dos entraves diz respeito à relação de cooperação entre civis – representados por policiais federais – e militares em um eventual GSI repaginado. O fim da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República previsto para o dia 30 de junho poderia levar esses agentes que atuam na segurança de Lula e Alckmin para o guarda-chuva do GSI.
Policiais federais ouvidos pela CNN, no entanto, dizem não querer responder a militares. A escolha pelo nome do general Amaro representa agora um obstáculo para os civis que defendem uma maior participação de policiais federais e agentes de segurança no governo.
Recentemente, em entrevista ao portal “Terra”, Amaro desaprovou a ideia de militares no GSI compartilharem a função de segurança e proteção do presidente e do vice com policiais federais.
Quem é o general Amaro
Marcos Antonio Amaro dos Santos nasceu em 25 de setembro de 1957 na cidade de Motuca, no interior de São Paulo. É filho de Joaquim Amaro dos Santos e de Iolanda Zanon.
Seu ingresso no Exército Brasileiro aconteceu em 4 de março de 1974, na Escola Preparatória de Cadetes, onde concluiu o curso em 1976. No ano seguinte, entrou para a Academia Militar das Agulhas Negras. Se formou em 1980, sendo declarado aspirante a oficial de Artilharia.
Amaro realizou os cursos de formação, aperfeiçoamento, altos estudos, política, estratégia e alta administração do Exército, além do básico de paraquedista e o de observador aéreo.
Nos Estados Unidos realizou os cursos de busca de alvos de artilharia e o avançado de artilharia de campanha.
Concluiu os MBAs em Excelência Gerencial com ênfase em Gestão Pública pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em sua vida militar serviu nas unidades militares de Artilharia em Jundiaí (SP), no Rio de Janeiro e em Olinda (PE). Retornou às Agulhas Negras como instrutor e executou a mesma função na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Como coronel comandou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército entre 2004 e 2005. De 2007 a 2010 foi chefe da Divisão de Inteligência do Centro de Inteligência do Exército.
Ao chegar ao generalato, liderou a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá.
Em 2015, com a reforma ministerial executada pela então presidente Dilma Rousseff (PT), o GSI perdeu o status de ministério e foi integrado à Secretaria de Governo. Na ocasião, ficou mantida exclusivamente a Casa Militar, que foi ligada à Presidência da República, com Amaro à frente. Anteriormente, foi secretário de Segurança Presidencial.
Depois assumiu a 3ª Divisão de Exército em Santa Maria (RS). Em 2018 se tornou secretário de Economia e Finanças do Exército.
Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em abril de 2020, assumiu a chefia de Estado-Maior do Exército. Em julho do mesmo ano passou a acumular a função de comandante militar do Sudeste.
O general Amaro foi para a reserva da força em janeiro deste ano.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil