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Alimentos ultraprocessados favorecem bactérias nocivas no intestino de bebês Pesquisa foi realizada com 728 meninos e meninas.

3 de março de 2025, 18h15 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Uma pesquisa realizada com 728 bebês de até um ano revelou que a ingestão de alimentos ultraprocessados pode afetar negativamente a diversidade e a quantidade de bactérias benéficas na microbiota intestinal. O impacto foi ainda mais evidente em crianças que não eram amamentadas.

Os achados foram divulgados na revista Clinical Nutrition como parte do Estudo MINA – Materno-Infantil no Acre, um projeto que acompanha crianças nascidas entre 2015 e 2016 em Cruzeiro do Sul (AC), financiado pela Fapesp.

De acordo com os resultados, bebês que ainda recebiam leite materno apresentaram maior quantidade de Bifidobacterium, um gênero de bactérias associado à saúde intestinal. Em contrapartida, aqueles que não eram amamentados e consumiam ultraprocessados – como salgadinhos, biscoitos recheados, bebidas achocolatadas, refrigerantes, sucos artificiais, sorvetes e macarrão instantâneo – apresentaram maior presença de bactérias dos gêneros Selimonas e Finegoldia, pouco frequentes em crianças amamentadas e mais comuns em indivíduos com obesidade ou problemas gastrointestinais na adolescência e na fase adulta.

Efeitos a longo prazo
A coleta de dados ocorreu entre 2016 e 2017, quando os bebês da pesquisa completaram um ano. As amostras foram coletadas e armazenadas conforme um protocolo desenvolvido no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina da USP, sob a coordenação da professora Ester Sabino. Os swabs anais com as fezes foram mantidos em baixas temperaturas e posteriormente enviados para São Paulo.

Além das coletas, as mães responderam questionários sobre a amamentação e os hábitos alimentares da família e da criança. Posteriormente, as amostras da microbiota foram enviadas para uma empresa especializada na Coreia do Sul, onde foram submetidas a um processo automatizado de sequenciamento genômico, mais ágil do que os métodos convencionais. No Brasil, os dados foram analisados por meio de ferramentas de bioinformática.

Além das diferenças observadas nos níveis de Bifidobacterium, Selimonas e Finegoldia, os cientistas identificaram uma presença maior do gênero Firmicutes no grupo de bebês que já haviam sido desmamados, mesmo entre aqueles que não consumiam ultraprocessados. Esse gênero bacteriano é considerado um possível marcador de microbiota adulta, sugerindo um amadurecimento precoce do sistema intestinal.

O estudo também contou com apoio da Fapesp por meio de uma bolsa de pós-doutorado concedida à pesquisadora Paula de França, coautora do artigo.

Foto: Freepik/ Divulgação.

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