Por Metrópoles
Foi no sótão da casa onde mora com os pais que o aluno de 13 anos, apreendido pela polícia durante o ataque que matou uma professora e deixou outras quatro pessoas feridas, na manhã de segunda-feira (27/3), em São Paulo, treinou para esfaquear suas vítimas, usando travesseiros.
O ataque ocorreu na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste da capital paulista. Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu após ser atingida por 10 golpes de faca. Outras três professoras e um aluno ficaram feridos – três já tiveram alta e uma segue internada.
O estudante foi contido por uma professora de educação física, que conseguiu desarmá-lo aplicando um mata-leão (técnica de estrangulamento), dentro da sala de aula. Ele foi apreendido pela Polícia Militar e levado para a delegacia.
Em depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, o adolescente afirma que ficava muitas horas sozinho no sótão de casa porque “era onde tinha mais privacidade, para ficar mais à vontade”.
O jovem planejou o ataque por cerca de dois anos, e tinha a intenção de realizá-lo com arma de fogo. Como não conseguiu adquirir o armamento, decidiu usar uma faca.
Comparado a serial killer
Antes de estudar na escola da zona oeste, o adolescente frequentava as aulas na Escola Estadual Roberto Pacheco, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
Na instituição de ensino, ele afirmou que era comparado ao serial killer Jeffrey Dahmer, assassino em série que matou 17 homens nos Estados Unidos, entre 1978 e 1991. Além de matá-los, ele estuprava as vítimas e praticava canibalismo. A vida dele foi retratada em uma série da Netflix.
“Acabar com toda a angústia”
Em depoimento prestado na tarde desta segunda-feira, na presença dos pais, o estudante afirmou que sentia tristeza “há muitos anos” e que há aproximadamente dois anos, com o intuito de “acabar com toda a angústia que sentia”, passou a ter ideias “de se vingar”.
O adolescente também disse que sofria bullying por causa de sua aparência física, tanto na Escola Estadual Thomázia Montoro, onde o crime ocorreu, quanto em outras unidades de ensino onde havia estudado.
Relatou que era chamado de “rato de esgoto” e, por isso, brigou e xingou um colega de escola de “macaco” na semana passada. O estudante disse ainda que a professora assassinada por ele nesta segunda-feira foi quem apartou a briga na ocasião.
Ao ser questionado sobre o que seria a “vingança”, o aluno de 13 anos respondeu que sua “vontade era matar pessoas, aproximadamente umas duas, e depois se matar”, segundo trecho do depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso.
Ele também afirmou ao delegado que se inspirou em outros massacres ocorridos em escolas, principalmente no Massacre de Suzano, em março de 2019, no qual dois estudantes mataram sete pessoas e depois se suicidaram. Nesta segunda, ele usava uma máscara de caveira semelhante à utilizada pelos assassinos em Suzano.
Arma de fogo
Ainda em seu depoimento, o aluno de 13 anos afirmou que “sua vontade” era realizar o atentado “com uma arma de fogo.” Ele disse que tentou adquirir uma pela internet durante os últimos dois anos, mas acrescentou que “seus planos sempre falharam”.
Como não conseguiu a arma de fogo, ele decidiu colocar seu plano em ação com uma faca.
“Há uma semana, [o adolescente] estava muito ansioso para agir logo e acabar o mais rápido [possível] com tudo. Ontem, domingo, pensou ‘de amanhã não passa’”, diz trecho do depoimento.
Ainda no domingo (26/3), afirma o estudante, ele pegou a maior faca encontrada na cozinha de casa e guardou-a junto da máscara e da roupa que seria usada no ataque.
Quando acordou, nessa segunda-feira, o jovem tirou fotos segurando a faca usada no crime e postou-as em um perfil no qual ele usa o sobrenome de um dos envolvidos no Massacre de Suzano.
As imagens eram legendadas com a afirmação de que ele iria fazer “uma baguncinha na escola.”
Ele acrescentou ao delegado que escolheu as vítimas aleatoriamente. “Apenas queria atingir vários e se matar em seguida”, diz trecho do depoimento.
Suspensão
O adolescente apreendido disse ter sido suspenso da Escola Estadual José Roberto Pacheco, onde estudava antes de ser transferido para o local do crime, porque estava trocando vídeos sobre massacres em escolas com outro aluno.
O Metrópoles revelou que a direção da unidade de ensino alertou a polícia sobre o “comportamento suspeito” do estudante, um mês antes do atentado de segunda-feira, por meio de boletim de ocorrência.
No documento, a escola afirma que o adolescente de 13 anos vinha “apresentando um comportamento suspeito nas redes sociais, postando vídeos comprometedores como, por exemplo, portando arma de fogo, simulando ataques violentos”.
Foto: Fábio Vieira/Metrópoles