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Após disputa judicial, Bolsonaro entrega exames que deram negativo para coronavírus Os documentos foram divulgados após decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Presidente usou codinomes Rafael e Airton para exames.

13 de maio de 2020, 18h18 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Após determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), os resultados dos exames que o presidente Jair Bolsonaro fez para saber se foi contaminado ou não pelo novo coronavírus foram divulgados nesta quarta-feira (13). Segundo o documento, os três testes deram negativo para a doença.

O chefe do Executivo usou os pseudônimos “Airton Guedes”, “Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz” e “Paciente 05” nos três exames negativos de Covid-19 que realizou em laboratórios de Brasília e do Rio de Janeiro, segundo os laudos entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dois primeiros exames, ocorridos nos dias 12 e 17, foram realizados por um laboratório particular de Brasília. No segundo, cinco dias depois, está com o nome de Rafael. Os dois documentos constam com outros dados pessoais de Bolsonaro como corretos, como CPF e data de nascimento.

Ainda houve um terceiro exame, realizado no dia 18 de março, no Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fundação Oswaldo Cruz, instituição ligada ao Ministério da Saúde que fica no Rio de Janeiro. Nele, com resultado divulgado dia 19 daquele mês, o presidente foi o Paciente 05.

Os três exames usaram o método PCR, considerado mais eficaz porque rastreia o material genético do coronavírus. Ele identifica a Covid-19 a partir dos primeiros três dias de sintomas – diferentemente do teste rápido, que tem eficácia maior após o 10º dia de sintomas.

Confira, abaixo, os testes apresentado pelo governo ao STF.

Primeiro teste

Segundo teste

Terceiro teste

Todos os exames foram divulgados pelo STF.

Nos papéis entregues pela AGU consta um ofício do general de Divisão Rui Yutaka Matsuda, comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, “Para a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto aos órgãos oficiais”, afirma o ofício do Comandante.

O caso chegou ao Supremo após Bolsonaro travar uma batalha judicial com o jornal O Estado de S.Paulo, que solicitou acesso aos exames do presidente. O jornal recorreu a decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), já que o chefe do Excecutivo se negava a divulgá-los.

Na sexta, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, havia aceitado recurso da AGU e derrubado decisão anterior que obrigava o presidente a entregar os resultados dos exames sobre o novo coronavírus que realizou.

A ação movida pelo “Estadão” foi marcada por idas e vindas. O jornal chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O jornal recorreu, então, ao Supremo. Na noite desta terça-feira (12), a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu os laudos ao ministro relator, Ricardo Lewandowski.“Determino a juntada aos autos eletrônicos de todos os laudos e documentos entregues pela União em meu gabinete, aos quais se dará ampla publicidade”, assinalou o magistrado. Os papéis foram mantidos em envelope lacrado e, no início da tarde, Lewandowski determinou a inclusão nos autos, sem sigilo.

Segundo a AGU, os testes apontaram que o mandatário do país não foi infectado pelo novo coronavírus. O próprio Bolsonaro já havia informado nas redes sociais que tinha testado negativo para a Covid-19.

Foto: REUTERS/Adriano Machado

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