A deputada federal Duda Salabert (PDT) relatou em suas redes sociais que, ao tentar obter um visto para viajar aos Estados Unidos, foi identificada com o gênero masculino. Esse incidente gerou grande repercussão nesta quarta-feira (16), após outro caso semelhante envolvendo a deputada transexual Erika Hilton (PSOL).
Hilton, eleita por São Paulo, afirmou que tomaria medidas contra o presidente dos EUA, Donald Trump, na Organização das Nações Unidas (ONU), acusando-o de transfobia, depois de também ter sido identificada como homem durante o processo de visto.
No relato de Salabert, a deputada mineira explicou que foi convidada para participar de um curso sobre desenvolvimento na primeira infância, em parceria com a Universidade de Harvard. No entanto, ela não pôde embarcar devido ao vencimento de seu visto. Ao iniciar o processo de renovação junto ao consulado dos EUA, foi informada de que seu novo visto seria registrado com o gênero masculino, ao invés de feminino, como constava anteriormente.
A parlamentar afirmou que tem buscado resolver a questão através de “canais diplomáticos”, mas destacou que o episódio vai além da transfobia, configurando um “desrespeito à soberania do Brasil e aos direitos humanos mais fundamentais”.
Duda Salabert, por Minas Gerais, e Erika Hilton, por São Paulo, são as únicas deputadas trans eleitas para o Congresso Nacional.
Em janeiro deste ano, ao retornar à Casa Branca, o presidente Donald Trump assinou um decreto que não reconhece pessoas trans dentro do território dos EUA.
Nas redes sociais, Hilton, que também estava prestes a participar de uma conferência, afirmou que não ficou surpresa com a situação, já que outras pessoas da comunidade trans, como a atriz e ativista Hunter Schafer, haviam registrado casos semelhantes nas últimas semanas. “Estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo os de uma representante diplomática, para tentar descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente. No final das contas, sou uma cidadã brasileira e meus direitos são garantidos pela nossa Constituição, legislação e jurisprudência”, escreveu a deputada.
Fotos : Bruno Spada e Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados.