Após quatro meses como interino, o general Eduardo Pazuello assumiu oficialmente, nesta quarta-feira (16), o comando do Ministério da Saúde. O ministro disse em seu discurso de posse que a solução definitiva da pandemia de coronavírus virá com a vacina e que medidas estão sendo tomadas. Pazuello substituiu interinamente o médico oncologista Nelson Teich, em maio, com o desafio de apoiar estados e municípios e ajudar a controlar a pandemia.
A cerimônia de posse foi no salão nobre do Palácio do Planalto, com a participação do presidente Jair Bolsonaro e de outros ministros. Pazuello lembrou que chegou ao ministério no auge da pandemia e defendeu as condutas tomadas pelo governo.
Pazuello voltou a afirmar, nesta quarta-feira, que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve começar em janeiro, uma vez que o governo espera receber até lá as doses compradas junto ao laboratório britânico AstraZeneca.
“A partir de janeiro é a chegada das doses e, sim, começaria-se a vacinação. O cronograma assinado é dessa forma, podendo ser antecipado caso haja antecipação de datas. Nós temos o maior plano de imunização no mundo em termos de área abrangida e efetiva, vacinada”, disse Pazuello em sua primeira entrevista após a efetivação no cargo.
Pazuello disse que o país já tem bem claro quais seriam os públicos alvos, dizendo que eles são “mais sensíveis” e já há uma linha de trabalho nesse aspecto.
“Quais são os públicos-alvo? Qual é a sequência? Isso faz parte de um plano que está sendo desenhado ainda”, observou.
Diferentes candidatas à vacina contra o novo coronavírus estão sendo testadas no país. Na semana passada, a principal aposta do governo federal –a vacina elaborada pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca– teve testes interrompidos temporariamente após a ocorrência de um efeito adverso.
Os testes foram retomados nesta semana, inclusive com ampliação do número de voluntários no Brasil. O governo federal firmou acordo com a AstraZeneca para compra de até 100 milhões de doses da vacina e posterior produção local, após a mesma ser aprovada para aplicação na população.
Pouco antes da entrevista, no discurso durante sua efetivação no cargo, Pazuello afirmou que o Brasil está vencendo a guerra contra a Covid-19 e as atividades estão voltando ao normal, apesar de o Brasil ainda registrar um elevado número de óbitos por dia devido à pandemia.
O ministro afirmou que medidas adotadas pelo governo à frente da pasta conseguiram uma “estabilidade bem definida”, com as Regiões Norte e Nordeste com queda confirmada e os Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentando tendência de redução.
Apesar de os dado apontarem uma redução nas últimas semanas, o número de mortes semanais pela Covid-19 no Brasil ainda está entre os maiores do mundo, com média de 715 óbitos por dia na última semana epidemiológica.
Atualmente, o país registra mais de 133 mil mortes em decorrência da covid-19 e tem 4,3 milhões de casos confirmados da doença. De acordo com painel internacional mantido pela Universidade Johns Hopskins, o Brasil é o terceiro país em número de infecções, atrás de Estados Unidos e Índia, e o segundo em número de óbitos, atrás dos norte-americanos.
Durante a posse, o presidente Jair Bolsonaro destacou o tamanho da responsabilidade do seu auxiliar e o agradeceu por aceitar o desafio. “Eu confesso que é menos complicado ser presidente da República do que ministro da Saúde. Sua responsabilidade é enorme, e quero agradecer por você ter aceito esse desafio”.
Bolsonaro voltou a criticar a política de isolamento na quarentena, com o fechamento de atividades econômicas. Ele relembrou um de seus pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e televisão, no início da pandemia, em que afirmava a necessidade de lutar pela manutenção dos empregos e elogiou as medidas econômicas adotadas pela sua equipe desde então.
“Disse, naquele momento, onde fui duramente criticado, que tínhamos dois problemas pela frente, vírus e desemprego, e que ambos deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea. Quero cumprimentar a equipe econômica, desse ministro Paulo Guedes, que tomou uma série de medidas para conter os empregos no Brasil”.
O presidente também criticou o tempo de suspensão das aulas do ensino básico no Brasil. “Somos o país com o maior número de dias de lockdown nas escolas. Isso é um absurdo”.
Ainda durante seu discurso, Bolsonaro defendeu o tratamento da covid-19 por meio da cloroquina e da hidroxicloroquina. O medicamento, que não tem eficácia científica comprovada, pode ser prescrito por médicos com a concordância do paciente.
“Nada mais justo, nada mais sagrado que um médico, na ponta da linha, decidir o que vai aplicar no paciente, na ausência de um remédio com comprovação científica”, afirmou.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.