Por Estado de Minas
Dados de 2020 do Banco Mundial apontavam o Brasil na nona posição entre os países mais desiguais do mundo, com a maior parte da riqueza concentrada nas mãos de uma pequena parcela da população.
Em Minas Gerais, a situação não é diferente. O estado tem 853 municípios. A maior concentração de riqueza por m² do Brasil está em Nova Lima, na Região Metropolitana de BH, com uma renda média per capita de R$ 8.897.
Por outro lado, Verdelândia, no Norte do estado, em que a renda média é de R$ 62 por pessoa.
Os dados são do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), que divulgou neste ano o ‘Mapa da Riqueza’, que avaliou, em 2020, a distribuição de renda no país.
O cálculo é feito sobre a renda total acumulada do município em relação ao número de habitantes. Para a pesquisa, foi usada a combinação dos dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), gerados pela Receita Federal, e de pesquisas domiciliares tradicionalmente usados em estudos sobre pobreza e desigualdade.
Confira a lista das dez cidades mais pobres de Minas Gerais
1 – Verdelândia/Norte de Minas
A primeira do ranking, Verdelândia tem uma renda média de R$ 62 por pessoa. Sua população estimada em 2021, pelo IBGE, era de 9.527 habitantes.
A economia do município se destaca pela agropecuária, sobretudo pelo cultivo de banana e criação de gado. É banhada pelo rio Verde Grande, de relevância para seu desenvolvimento.
Como a maioria das cidades de Minas, a chegada da estrada de ferro, em um município próximo, contribuiu para a atração de pessoas de outras cidades a partir da década de 1940.
2 – São João do Pacuí/Norte de Minas
Situado a 500Km de Belo Horizonte e com uma população estimada de 4.476 habitantes pelo IBGE, em 2021, São João do Pacuí tem uma renda média de R$ 78,150 por pessoa.
A principal atividade econômica é a agricultura e pecuária de subsistência.
O município guarda um importante acervo construído pela natureza ao longo dos tempos: as grutas, que apresentam registros da passagem do homem pré-histórico, marcadas por sinalizações ou por desenhos multicores não identificados.
3 – Monte Formoso/Jequitinhonha
A única da lista que não pertence ao Norte de Minas, a cidade de Monte Formoso está situada no Vale do Jequitinhonha. Em 2021, sua população estimada era de 4.939 habitantes. A renda média por pessoa é de R$ 81,28 por pessoa.
Acredita-se que a origem dos primeiros habitantes de Monte Formoso foram de descendentes da Bahia e de outros estados nordestinos, que tinham a intenção de fugir da seca que atingiu a região na última década do século 19.
4 – Cônego Marinho/Norte de Minas
Fundado em 1995, o município tem três distritos: Cônego Marinho, Cruz dos Araújos e Olhos d′Água do Bom Jesus. Sua população estimada, em 2021, era de 7.730 habitantes, com uma renda média de R$ 86,68 por pessoa.
A economia é baseada no artesanato de utensílios de barro (olaria), produzidos por artesãos locais. Outro setor que movimenta a economia do é a produção de cachaça.
5 – Matias Cardoso/Norte de Minas
Matias Cardoso está situada no extremo Norte de Minas, na divisa com a Bahia, tem uma população estimada pelo IBGE, em 2021, de 11.360 habitantes, com uma renda média de R$ 87,48 por pessoa.
Devido à criação de gado e à produção de alimentos, que comercializava em Salvador, surgiu um caminho que ligava as duas cidades e que posteriormente passou a fazer parte dos chamados caminhos do sertão ou caminhos da Bahia.
Além da estrada, o comércio intenso e lucrativo com a sociedade baiana possibilitou à população do então povoado de Morrinhos a construção da primeira igreja de Minas Gerais, que até hoje existe em Matias Cardoso.
A igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição foi erguida por volta de 1670 e provavelmente é a construção mais antiga do Estado que ainda se encontra de pé, já que sua origem é anterior ao ciclo do ouro e da criação da Capitania de São Paulo e Minas D’Ouro.
6 – Fruta de Leite/Norte de Minas
Segundo dados do IBGE, de 2021, a população estimada de Fruta de Leite era de 5.232 habitantes, com renda média de R$ 87,60 por pessoa.
O nome da cidade vem da presença, em sua vegetação, de uma grande quantidade de fruta comestível adocicada, chamada fruta de leite.
7 – Pedras de Maria da Cruz/Norte de Minas
Segundo dados do IBGE, a população estimada, em 2021, era de 12.313 habitantes, com uma renda média de R$ 88,66 por pessoa.
A fonte de sustento da maior parte de seus habitantes está na zona rural, com o trabalho na agricultura e pecuária.
Pedras de Maria da Cruz tornou-se município, desmembrando de Januária, em 1992. Um dos setores que movimentam a economia da região é o turismo. Fieis vão à cidade a capela Imaculada Conceição, localizada na parte baixa da cidade.
8 – Pintópolis/Norte de Minas
A 705km de BH e a 480 metros acima do nível do mar, a cidade recebeu esse nome em homenagem ao fundador do município, Germano Pinto.
Segundo dados do IBGE, de 2021, a população estimada era de 7.540 habitantes, com uma renda média de R$ 88,89 por pessoa.
A economia está concentrada principalmente na extração de carvão vegetal, agricultura e pecuária de gado de leite e corte.
9 – Mamonas/Norte de Minas
A população estimada da cidade de Mamonas é de 6.565 habitantes, com renda média de R$ 89,02 por pessoa.
A economia de Mamonas é baseada na agricultura familiar e na produção de cachaça. A cidade tem uma história marcada por manifestações culturais, como as festas juninas de São João e as famosas barraquinhas de Santo Antônio.
Por ser considerada a capital mineira do forró, todos os anos Mamonas atrai muitos visitantes de várias cidades do país que vão ao local prestigiar as festividades do município.
10 – Santo Antônio do Retiro/Norte de Minas
Santo Antônio do Retiro tinha uma população estimada de 7.316 habitantes em 2021, segundo o IBGE. A renda média do município é de R$ 90,29 por pessoa.
O município foi emancipado do Rio Pardo de Minas, no final de 1995 e abriga o Parque Ecológico Cultural Serra do Sucuruiu, com serras, nascentes, rios, cachoeiras, flora e fauna representativas, trilhas para caminhadas e sítios históricos.
Professor explica desigualdade no Norte
O resultado mostrou que das 10 cidades com piores rendas do estado mineiro, nove pertencem ao Norte de Minas.
“O que acontece nessa região, Norte de Minas, Jequitinhonha, Mucuri e parte do Rio Doce é que de certa forma há uma convergência. São municípios com baixa renda, que têm outros indicadores negativos, como baixa escolaridade, alta mortalidade infantil, baixa expectativa de vida, prevalência de doenças infectocontagiosas, péssimas estruturas de saneamento”, explica o demógrafo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Alisson Barbieri.
“Desde os tempos do Brasil Colônia, Império e República as atividades econômicas mais dinâmicas se concentraram, por exemplo, no caso de Minas Gerais, na Região Central, Vale do Aço e Sul de Minas em função do ciclo do ouro, da mineração, do café, da concentração de indústrias nessas regiões. Enquanto o Norte, Noroeste e Nordeste do estado historicamente permaneceram às margens desses processos mais dinâmicos de desenvolvimento econômico”, diz.
“Como foi uma região negligenciada, historicamente em termos de políticas de desenvolvimento, os indicadores econômicos e sociais refletem esse esquecimento dessas regiões”, completa.
Renda é importante mas não é o único fator
O demógrafo alerta que a pobreza é algo muito complexo para se avaliar. “Dados econômicos de uma forma geral são bons indicadores de pobreza, mas não são o único. Por definição, pobreza é uma coisa multidimensional. O que define pobreza é renda, mas também níveis de indicadores de saúde, educação, saneamento etc”, explica.
Quem quiser saber mais sobre a renda média e outros dados de sua cidade ou região, basta acessar o site da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press