Home Comentários Assim se explica porque a doutora Ludhmila recusou o ministério e por que razão Queiroga o aceitou.

Assim se explica porque a doutora Ludhmila recusou o ministério e por que razão Queiroga o aceitou.

16 de março de 2021, 16h55 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Estão ficando claras as razões pelas quais a doutora Ludhmila Hajjar recusou o convite do presidente Bolsonaro para assumir o ministério da Saúde, assim como também se esclarecem os motivos pelos quais o médico paraibano Marcelo Queiroga o aceitou.

No primeiro caso, a despeito de uma série de tuites e vídeos, falsos ou não, atribuídos à doutora Ludhmila, pesou sobretudo a reação do que Bolsonaro chama de base de apoio dele – na verdade, os militares que o cercam. Um desses vídeos mostra o que parece ser uma apresentação da cardiologista quando a então presidente Dilma Rousseff era sua paciente e do renomado doutor Kalil que aparece com um saxofone nas mãos. Ao se encontrar com o presidente Bolsonaro, domingo à tarde, a médica teria acertado os ponteiros, mais ou menos, com o chefe do executivo, a despeito da maneira como cada um enxerga a pandemia que nessa data completa 280 mil mortos. Na segunda-feira, a doutora voltou ao Palácio para dizer não ao presidente, que também a essa altura já não estava tão convencido de que teria sido uma boa escolha, a despeito do endosso do poderoso Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. E assim se encerra um capítulo e se passa para as razões da escolha do doutor Marcelo Queiroga.

O que primeiro se destaca, ao que tudo indica, é a perfeita ou quase perfeita sintonia entre Queiroga e o presidente Jair Bolsonaro, que, aliás, já se conhecem de outros carnavais. Mas o doutor Queiroga não parece admirar muito a cloroquina, embora aceite outros medicamentos para, digamos, ajudar nos momentos mais difíceis de uma internação – ou até para evita-la.

Mas o que não se sabia é que entre o presidente da República e o futuro ministro da Saúde é um certo grau de parentesco entre o doutor Queiroga e a mulher do senador Flávio Bolsonaro – o filho mais velho do presidente. Teria sido Flávio quem indicou Queiroga para o pai, o que mostra como de fato a família trabalha unida. Mas a escolha do medico paraibano não agradou ao centrão, que tinha outros nomes para indicar ao presidente da República. Por fim, esclarecidos esses dois episódios, a recusa de um e o aceite de outrem, restam dois caminhos ao futuro ministro: a recomposição da equipe técnica do ministério da Saúde, destroçada com a passagem do general Pazuello por lá e a certeza, repetida ontem pelo doutor Queiroga, de que não existe um “ministro da Saúde”, mas um presidente da República que lhe dá as ordens. Ou seja, vai tudo continuar como dantes no quartel de Abranches. O que faz lembrar também o ministro Henrique Mandetta quando ele perguntou ao presidente se ele estava disposto a enfrentar um desfile de caminhões do Exército carregando caixões para o sepultamento. Foi o fim da era Mandetta, que previu no mínimo 180 mil mortos pela pandemia (hoje são 280 mil), restando ao general Eduardo Pazuello responder aos inquéritos no Supremo Tribunal Federal pela acusação de omissão no combate ao coronavírus.

Nota da redação
O governador Romeu Zema suspendeu as partidas do campeonato mineiro até passar a onda do coronavírus.

Foto: Foto: Reprodução / Internet

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário