A investida de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante sua passagem pelos Estados Unidos, gerou forte repercussão entre investigados no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. As declarações do deputado federal licenciado, que comparou a Polícia Federal a uma “gestapo” nazista, acirraram ainda mais a tensão entre aliados de Jair Bolsonaro e a Suprema Corte, em um momento decisivo para o futuro político do ex-presidente.
A ofensiva ocorre poucos dias antes do julgamento que pode transformar Bolsonaro, Walter Braga Netto e outros seis investigados em réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente e outras 33 pessoas por crimes como golpe de Estado, formação de organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Advogados que representam os acusados demonstram preocupação com a postura de Eduardo, temendo que o confronto direto com Moraes dificulte estratégias de defesa e torne mais rígida a condução do julgamento. Segundo juristas consultados, os ataques do parlamentar podem influenciar negativamente o clima entre os ministros do STF, reforçando a posição da Corte contra os envolvidos.
A tensão também se reflete nos bastidores, onde advogados avaliam que as declarações de Eduardo Bolsonaro podem prejudicar eventuais negociações. “Se Moraes der qualquer sinal de flexibilização após essas ameaças, pode parecer que ele está recuando por pressão”, afirmou um dos defensores. Outro advogado comparou a situação a uma “novela mexicana”, destacando que o discurso confrontador de Jair Bolsonaro também agrava a animosidade com o STF e dificulta a atuação jurídica dos investigados.
Além do impacto sobre o julgamento dos aliados, a escalada retórica de Eduardo pode trazer consequências para ele próprio. O deputado já está na mira do STF, sendo alvo do inquérito das fake news, sob relatoria de Moraes. Ele também foi investigado por ofensas ao delegado Fábio Shor, responsável pelo indiciamento de Jair Bolsonaro no caso da tentativa de golpe.
Em meio à crise, Eduardo Bolsonaro intensificou suas críticas ao sistema judiciário. No mês passado, publicou nas redes sociais que preferia “perder sua aposentadoria da Polícia Federal, seu porte de arma e carteira funcional” a aceitar um país onde “um deputado não pode criticar um delegado federal que está prendendo velhinhas e mães de família como se fossem terroristas”.
A ofensiva pública do parlamentar adiciona novos elementos ao embate entre bolsonaristas e o STF, elevando a temperatura antes de um julgamento que pode definir o destino político do ex-presidente e de seus aliados mais próximos.
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