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Até quando nosso primo será terraplanista? Por Moisés Mendes

31 de dezembro de 2023, 12h14 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Por Moisés Mendes. Vai-se embora mais um ano que deixa rastros e heranças incômodas. Além da violência generalizada que não reflui, 2023 empurra para 2024 o extremismo e o negacionismo em todas as áreas.

Um negacionismo que, em algumas famílias, pode ter ficado confinado nas bolhas, mas que irá se manifestar em grupos de festas do ano novo e se reafirmar em 2024.

Não há como escapar de uma verdade incômoda. Mesmo que algumas neguem, todas as famílias brasileiras passaram a ter um parente que contesta verdades consagradas por todo tipo de comprovação. Como a de que a Terra é redonda.

Aquele primo negacionista é a encarnação, no século 21, do sujeito que na Idade Média contestava o formato da Terra.

Eratóstenes e Pitágoras, muito antes de Cristo, e depois Fernão de Magalhães e Iuri Gagarin provaram que a Terra é redonda. Mas aquele tio, pai daquele primo, e aquela sobrinha que adora aquele tio redescobriram que é plana.

Os indícios são de que o ano termina sem reduzir a convicção de 7% dos brasileiros de que a Terra é uma pizza, como já mostrou o Datafolha. De cada cinco brasileiros, dois ainda não têm certeza de que o homem foi à Lula.

É o mesmo índice dos que, no início da pandemia, anunciaram que não tomariam a vacina. Não é menor a taxa dos que não imunizam os filhos contra a poliomielite, o sarampo, a varíola.

Vai-se embora mais um ano que deixa rastros e heranças incômodas. Além da violência generalizada que não reflui, 2023 empurra para 2024 o extremismo e o negacionismo em todas as áreas.

Originalmente publicado em Extra Classe.
Fonte: Diário do Centro do Mundo.
Foto: Reprodução.

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