Home Brasília Atrevimento de Bolsonaro “parece não encontrar limites”, diz Celso de Mello sobre vídeo de hienas

Atrevimento de Bolsonaro “parece não encontrar limites”, diz Celso de Mello sobre vídeo de hienas

28 de outubro de 2019, 23h02 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O vídeo postado hoje na conta de Jair Bolsonaro no Twitter — e depois apagado — causou perplexidade no decano do STF, o ministro Celso de Mello. No vídeo, Bolsonaro é representado como um leão rodeado por hienas na savana. Uma das “hienas” é o próprio STF.

À Folha, o ministro criticou o comportamento do presidente e afirmou que Bolsonaro precisa entender “que não é um ‘monarca presidencial’, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados”.

“A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no Twitter, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma ‘hiena’ culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores”, disse o decano da Corte.

Celso de Mello afirmou ainda:

“Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de ‘gravitas’ e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.

É imperioso que o Senhor Presidente da República — que não é um ‘monarca presidencial’, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados — saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.”

Foto: Carlos Moura/SCO/STF/Divulgação
Créditos: O Antagonista

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